Título: Cresce combate à pirataria de software na internet
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 09/12/2008, Empresas, p. B3
Não são apenas as barraquinhas espalhadas pelas ruas de cidades de todo o país as responsáveis pelo alto volume de pirataria que assola o setor de software no país. Uma série de investigações e apreensões realizadas pela Polícia Federal e a Receita Federal mostram que a internet também vem sendo fortemente utilizada para vender cópias ilegais de programas de computador.
Segundo balanço realizado pela Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes) e a Business Software Alliance (BSA), entre janeiro e outubro deste ano foram retirados da internet nada menos que 12,9 mil anúncios ilegais para venda de software pirata, muitos deles oferecidos em sites de leilão eletrônico. Outros 317 sites que ofereciam produtos piratas saíram do ar. "A internet é hoje um dos principais canais de venda dessas cópias ilegais", diz Antônio Eduardo Mendes da Silva, coordenador do grupo de trabalho antipirataria da Abes.
Segundo Silva, o crescimento da oferta ilegal via internet é uma das razões que explicam por que o volume de apreensões de mídia deste ano deve ser bem inferior ao do ano passado. "É preciso pesar ainda que as ações tem inibido a atuação dos criminosos."
Em 2007, foram realizadas 718 ações em todo o país, o que resultou na apreensão de mais de 2,2 milhões de CDs contendo programas piratas, um aumento de 150% em comparação com o ano anterior. Entre janeiro e novembro deste ano, foram feitas 701 ações, com pouco mais de 1,5 milhão de cópias piratas destruídas. Uma das situações que tem prejudicado o trabalho da Polícia Federal é que, para não chamar a atenção, muitos vendedores de cópias piratas passaram a carregar consigo apenas os encartes dos produtos, e não mais as mídias.
No ano passado, 59 em 100 programas de computador usados no Brasil eram piratas. Em 2006, as cópias ilegais abocanharam 60% dos sistemas usados por empresas no país. Em 2005 esse volume foi de 64%. No início deste ano, um relatório mundial elaborado pela consultoria IDC, a pedido da BSA, revelou que uma queda de 9% no volume de pirataria no país elevaria a arrecadação de impostos em US$ 389 milhões. De quebra, seriam gerados mais 26,9 mil postos de trabalho e US$ 2,9 bilhões seriam injetados na indústria de informática. Nos Estados Unidos, a participação dos programas ilegais ocupa hoje 21% do mercado, a menor taxa em todo o mundo. A dificuldade do setor de software em combater a pirataria reside na própria natureza de seus produtos, extremamente vulneráveis à reprodução ilegal. Atualmente, o volume de pirataria de software no Brasil é inferior ao verificado em toda a América Latina, onde a média atinge 66%. Ainda assim, o país registra o maior prejuízo na região. As perdas somaram US$ 1,6 bilhão em 2007. (AB)