Título: Vale do Itajaí começa a normalizar a produção
Autor: Jurgenfeld , Vanessa
Fonte: Valor Econômico, 09/12/2008, Empresas, p. B8

A maioria das empresas têxteis da região de Blumenau voltou a operar nesta semana, depois das dificuldades causadas pela enchente. Teka, Hering e Dudalina são alguns exemplos de indústrias da região que sofreram com a falta de funcionários ao longo dos últimos dias, mas ontem já estavam praticamente com seu quadro completo. De acordo com o presidente da Associação Comercial e Industrial de Blumenau (Acib), Ricardo Stodieck, em geral as empresas estão operando com 90% a 95% da sua força de trabalho. Davilym Dourado/valor

Sônia Hess, presidente da Dudalina, antecipou as férias coletivas para os 215 funcionários da unidade de Luiz Alves

Stodieck diz que alguns poucos funcionários ainda não retornaram ou porque perderam suas casas e ainda estão em abrigos ou por dificuldades de deixar crianças em creches. Algumas creches na cidade precisam ser reformadas.

A retomada dos funcionários foi gradativa nos últimos dias. As empresas ficaram 100% paradas em 24 de novembro, quando as enchentes paralisaram principalmente as cidades de Blumenau e Itajaí. A operação voltou de forma precária no dia seguinte, com cerca de 30% dos funcionários, e uma semana depois já estava com 70% do quadro de trabalhadores. A retomada mais forte ocorreu no início desta semana. As indústrias têxteis, tirando algumas exceções, não sofreram perdas de maquinários. O principal obstáculo para as operações era mesmo a falta de funcionários.

Stodieck explica que as indústrias estão dando apoio aos trabalhadores para que voltem o mais rápido possível. Dentre as iniciativas, ele explica que há, por exemplo, doação de cimento para reconstrução de casas. Diversas empresas propuseram aos funcionários o preenchimento de uma lista das necessidades mais urgentes para tentar supri-los. Os dias em que não operaram a plena carga, de acordo com os empresários, serão compensados agora com horas extras para recuperar o faturamento.

Marcello Stewers, diretor de exportação da Teka, diz que a empresa operava ontem com 97% dos seus funcionários e que justamente iria recuperar o faturamento com o uso de horas extras. As férias coletivas no fim do ano seguem mantidas.

Sônia Hess, presidente da Dudalina, diz que em Blumenau, onde fica a matriz da empresa, já está operando com normalidade, com o comparecimento de 95% do seu quadro de funcionários. Mas ela preferiu antecipar férias coletivas para os 215 funcionários da unidade localizada em Luiz Alves, onde ainda é inviável a locomoção das pessoas. As férias coletivas das demais unidades seguem mantidas para o fim do ano.

Por enquanto, as informações são de que somente a prefeitura de Blumenau cancelou as férias coletivas que daria aos funcionários no fim do ano. O Sindicato dos Trabalhadores Têxteis (Sintrafite) informou que não há até o momento cancelamento de férias coletivas já programadas.

Para as empresas, as dificuldades ainda recaem sobre a logística. Algumas rodovias ainda estão interditadas no Estado e elas estão arcando com custos maiores para redirecionar suas cargas de exportação para outros portos, uma vez que Itajaí segue praticamente parado.

Ontem, o porto de Itajaí recebia apenas navio de pequeno porte para cabotagem. As cargas paradas são levadas até o porto de Santos (SP), para serem exportadas. A ordem de serviços para dragagem do canal de acesso do rio Itajaí-Açu é esperada para ser assinada nesta semana. No Porto de Navegantes, que utiliza o mesmo canal de acesso, também só entram navios de pequeno porte.