Título: Meirelles sugere serenidade ante a crise
Autor: Agência Brasil
Fonte: Valor Econômico, 08/12/2008, Finanças, p. C3

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, pediu serenidade aos empresários e disse que as crises nem sempre podem ser evitadas, mas que o governo tem trabalhado para que o Brasil atravesse esses momentos "mais rapidamente que outros países e com mais força".

Meirelles afirmou também que as previsões pessimistas sobre os rumos da economia brasileira têm causado pânico ao mercado, mas não vão se confirmar.

"Temos tido pânico na sociedade em relação à inflação. Agora há pânico em relação à atividade [econômica]", disse o presidente do BC, em encontro promovido Associação Brasileira da Indústria de Elétrica e Eletrônica (Abinee), em São Paulo, na sexta-feira. "Nem o primeiro se mostrou correto, nem o segundo será evidenciado de forma consistente pelos fatos", concluiu.

Meirelles voltou a dizer que, hoje, o Brasil está mais preparado para enfrentar os problemas causados pela crise internacional. Lembrou também que o governo já tomou medidas para minimizar as conseqüências da crise, e que elas estão dando resultado.

De acordo com o presidente do Banco Central, a escassez de crédito - um dos principais efeitos negativos da crise - já não é a mesma de meses atrás. "Segundo dados parciais de novembro, até o dia 24, as concessões diárias [de empréstimos] mostraram uma expansão de 4,7% sobre a média de outubro, com destaque para o crescimento de 10,9% no crédito para pessoa física", afirmou.

As referências à atividade econômica foram feitas com base na divulgação, na sexta, de que a produção industrial brasileira caiu na maioria das regiões do país, segundo números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) .

Também na semana passada, o IBGE informou que a produção industrial do país desacelerou 1,7% em outubro frente ao mês anterior, após crescimento de 1,7% em setembro. Foi a maior queda observada em relação ao mês anterior desde novembro de 2007, quando a indústria apresentara recuo de 2,1%.

Gigantes industriais Vale do Rio Doce e Votorantim anunciaram demissões e férias coletivas de funcionários em conseqüência da crise econômica. A indústria automotiva, que também tem revezado a atividade dos funcionários, registrou queda da produção de 28% e de 25% nas vendas de novembro em relação ao mesmo período do ano passado.