Título: Stiglitz prevê "retração econômica muito séria
Autor: Rosas , Rafael
Fonte: Valor Econômico, 08/12/2008, Finanças, p. C5

O prêmio Nobel de economia Joseph Stiglitz, ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), prevê que a crise financeira atual será "longa e profunda", principalmente nos Estados Unidos, onde há uma tendência de aumento da poupança e de queda da demanda. Gustavo Lourenção / Valor

O prêmio Nobel de economia Joseph Stiglitz prevê que a crise será "longa e profunda", principalmente nos EUA, onde há tendência de queda da demanda

"Todas as forças vão na direção de uma retração econômica muito séria", disse Stiglitz, que participou da conferência da Associação Mundial das Agências de Promoção e de Investimento (Waipa, na sigla em inglês), no Rio de Janeiro.

Stiglitz comparou a previsão feita por ele com afirmações colhidas ontem no mesmo evento, em que representantes de diversos governos se mostraram otimistas em relação a uma recessão profunda, mas rápida.

"O trabalho de um funcionário público é fazer as pessoas se sentirem bem. O funcionário público quer que a economia do país seja forte, o que tem como pré-requisito a confiança, e isso significa que ele (funcionário público) tem que ser otimista", ponderou. "Economistas fazem isso de forma mais profissional. Faz parte da nossa natureza ser mais pessimista", acrescentou.

Para o ex-presidente da Bolsa de Nova York William Donaldson, a recessão atual nos países desenvolvidos traz boas e más notícias. O lado bom da crise é que ela abre espaço político para correções nos níveis de transparência e regulação dos mercados e das ferramentas usadas no sistema financeiro. "Algumas vezes as coisas não são feitas na democracia até que você esteja na beira do abismo", disse Donaldson. A má notícia é que ainda há um longo caminho a ser percorrido até que o nível de alavancagem médio volte a patamares aceitáveis nos EUA.