Título: Apoio do PDT pode dar 417 votos a Temer
Autor: Lyra , Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 06/01/2009, Política, p. A8

A ausência de parlamentares em Brasília não esfriou a campanha dos candidatos à presidência da Câmara e do Senado. Na Câmara, o deputado Michel Temer (PMDB-SP) comemorou o apoio indireto do PDT, levado a ele pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e o líder do bloquinho de esquerda, Mário Heringer (PDT-MG). Com isso, calcula contar com o apoio de 417 deputados, num leque que inclui ainda partidos maiores, como o PT, PSDB e DEM. Caso se confirme o apoio integral e oficial do PDT, caracteriza-se um forte revés à candidatura de Aldo Rebelo (PCdoB-SP), lançada em nome desse bloco. No Senado, o senador petista Tião Viana (AC), que calcula ter o apoio de 52 dos 81 senadores, encaminhou carta aos seus pares para enaltecer a importância do Senado e expor as razões de sua candidatura. Ricardo Marques/Folha Imagem

Temer: pemedebista ouviu de lideranças pedetistas palavras positivas quanto à uma possível composição

O candidato do PMDB na Câmara, Michel Temer, inspirou-se em notícias veiculadas no fim de semana de que o PDT estaria interessado em deixar o bloquinho de esquerda para procurar algumas lideranças pedetistas, como o ministro do Trabalho e o líder do bloquinho, deputado Mário Heringer (PDT-MG). De ambos, ouviu palavras positivas quanto à uma possível composição política, embora hoje já conte com o apoio informal da maioria da bancada. "É sempre bom haver uma decisão partidária. Essa é uma questão política, não simplesmente aritmética", afirmou o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).

Aldo Rebelo desconversa quanto à possibilidade de perder o apoio de um dos partidos que compõem a base de sustentação de sua candidatura. "Minha candidatura foi lançada pelo deputado Vieira da Cunha (RS), que é o presidente do PDT e líder da bancada na Câmara. O PDT tem manifestado apoio à minha candidatura e tenho votos não só do bloco de esquerda, mas também de outros partidos", disse Aldo.

Vieira da Cunha também adota o tom cauteloso, o que não significa boas notícias para Aldo. Se não ratifica o apoio a Temer, tampouco confirma a aliança com o PCdoB, apesar de Aldo afirmar que foi o deputado pedetista que o lançou. "A posição do partido está aberta. Havia uma tendência de apoiar Michel Temer, mas com o lançamento da candidatura de Aldo o partido precisará discutir essa questão", afirmou Cunha. Uma possível reunião deve acontecer apenas no fim de janeiro, às vésperas da eleição na Câmara. Além de Temer e Aldo, o deputado Ciro Nogueira (PP-PI) também é candidato à presidência da Câmara.

Tião Viana adotou, na sua campanha que prosseguiu ontem, no recesso, inclusive a principal bandeira de seu adversário direto, o pemedebista Garibaldi Alves (PMDB-RN), contra a "gana legiferante do Executivo, de que o excesso das medidas provisórias seria a mais perfeita ilustração".

O senador fez questão de ligar para todos os senadores e colocar-se à disposição para debater com as bancadas suas propostas para o biênio 2009/2010. O vice-líder do PSDB na Casa, Álvaro Dias (PR), afirmou que seu partido não tem posição fechada e que não existe qualquer reunião marcada pelo presidente Sérgio Guerra (PSDB-PE) para discutir o assunto. Mas adianta que, mesmo com o apoio explícito que Tião tem do tucano Tasso Jereissati (CE), o petista terá que se esforçar para dobrar as resistências que enfrenta no tucanato. "Duas opiniões norteiam quem é contrário ao candidato do PT: a defesa da proporcionalidade, que aponta para uma candidatura do PMDB e a visão da disputa de 2010, na qual o PT será nosso principal adversário".

O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) defende que o melhor para o Congresso seria uma candidatura única no Senado e outra na Câmara. Admite que Tião terá dificuldades em se viabilizar caso o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) insista de fato em concorrer à reeleição. "O PMDB tem a maior bancada, é forte e esse poder político acaba seduzindo outros senadores", reconhece Arruda. O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), acompanha o frenesi dos candidatos, mas insiste que o cenário só vai clarear após o encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o senador José Sarney (AP), previsto para meados do mês de janeiro.

Agripino acredita que Sarney poderá ser candidato, atraindo votos do PSDB, do próprio DEM e unificando o PMDB, o que isolaria a candidatura de Tião Viana. Em Alagoas, durante um jantar de fim de ano com senadores de diversas legendas, como a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), Renan Calheiros (PMDB-AL), que insiste na primazia do PMDB, detentor da maior bancada, de indicar o presidente da Casa , reforçou que o senador José Sarney (PMDB-AP) será candidato. Inácio Arruda refuta dizendo que, para isso, Sarney precisa decidir se, de fato, quer disputar a presidência da Casa. "Candidaturas só existem se forem oficializadas", afirmou.