Título: Candidatura de Tião Viana ganha força, diz líder do PT a Lula
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Fonte: Valor Econômico, 30/12/2008, Internacional, p. A9

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou ontem a presença da líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), em cerimônia com a presença do ministro da Educação, Fernando Haddad, no Palácio do Planalto, para perguntar como estava a sucessão para a presidência da Casa, marcada para o início de fevereiro. Mesmo mantendo o discurso oficial de que o Executivo não pode interferir na disputa, o presidente não esconde a preocupação com os desdobramentos da eleição. Durante café da manhã com jornalistas, no dia 19, o presidente Lula havia afirmado que acreditava que "o jogo estava jogado, com o companheiro Tião Viana (PT-AC) como presidente do Senado e o companheiro Michel Temer (PMDB-SP) como presidente da Câmara".

Mas o cenário tornou-se mais turvo após a decisão do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) de também disputar a presidência da Casa e o anúncio do presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), de que pretende concorrer à reeleição por estar exercendo um mandato tampão. Ideli Salvatti buscou tranqüilizar o presidente, alegando não acreditar que a candidatura Garibaldi resista até o término da disputa. "O nome do Garibaldi está sofrendo resistência do DEM, o veto não está partindo da base governista", afirmou a senadora catarinense.

Ideli, que será substituída na liderança em fevereiro pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP), disse que a candidatura do petista Tião Viana está ganhando força na Casa. "O companheiro Tião tem todas as condições de aglutinar forças e retomar a respeitabilidade necessária para o Senado", afirmou.

O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), ficou profundamente irritado com as declarações da senadora petista. Ele perguntou quem é ela para dar opiniões sobre decisões, pensamentos e ações dos demistas. "Ela que vá cuidar do PT. Não é porque existem pessoas no partido que apóiam a candidatura de Tião Viana, como o senador Demóstenes Torres (GO), que haja um veto ao nome de Garibaldi de nosso partido", afirmou ele.

Agripino disse que uma possível dificuldade à candidatura Garibaldi é que, juridicamente, há dúvidas sobre a viabilidade da empreitada. Pelas regras atuais, um presidente não pode concorrer novamente ao mesmo cargo durante a mesma legislatura. Garibaldi alega que, apesar de ter recebido os votos de seus pares, não foi eleito para um mandato completo, tendo apenas ocupado o cargo vago após a renúncia do senador Renan Calheiros (PMDB-AL).

O líder demista acha essa discussão inócua e acredita que, no fim das contas, o candidato à presidência do Senado será o senador José Sarney (PMDB-AP). "Eu sei que ele vem repetindo que não é candidato, que não deseja o cargo. Mas acho que será e o governo vai compensar o PT com mais uma vaga na Esplanada", afirmou.

Uma pessoa próxima ao senador pemedebista afirma que, por enquanto, nada muda no desejo de Sarney de não concorrer ao cargo. Mas admite que a idéia de que ele será candidato é forte nos corredores da Casa porque nenhuma candidatura ainda conseguiu empolgar de fato os senadores. "Ele (Sarney) continua afirmando que apóia a candidatura de Tião Viana", ponderou o aliado. (PTL)