Título: Indústria de calçados aumenta sua rede varejista
Autor: Bueno , Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 26/12/2008, Empresas, p. B1

O esforço para valorizar a marca e melhorar as margens obtidas nas vendas, tanto no mercado interno quanto no externo, leva um número crescente de indústrias calçadistas a estender um braço no varejo. O modelo mais comum é a abertura de lojas exclusivas franqueadas, mas também há casos de pontos de venda administrados pela própria fabricante do sapato.

A Bibi, fabricante de calçados infantis, aderiu ao modelo em março de 2008, com a inauguração de uma loja-conceito própria junto à matriz, em Parobé, no Rio Grande do Sul. Depois foram abertas outras duas em Porto Alegre, também próprias, além de duas em Fortaleza, no Ceará, e uma em Vila Velha, no Espírito Santo - essas três últimas são franqueadas, disse o presidente Marlin Kohlrausch.

"Estudamos o projeto durante três anos", afirmou Kohlrausch. Segundo ele, as lojas aproximam a empresa do consumidor, reforçam a marca e também ajudam a estimular as vendas no comércio multimarcas (lojas onde são comercializadas diversas marcas). E, mesmo com a perspectiva de crise, "vamos abrir novos pontos em grandes centros em 2009", afirmou o empresário, sem adiantar quantos.

A Arezzo, de Belo Horizonte (MG), tem lojas franqueadas desde 1990 e já soma 223 unidades em 90 cidades de todos os Estados brasileiros. Essa rede vende 3 milhões de pares e fatura R$ 400 milhões por ano. Conforme o diretor de expansão da Arezzo, Mário Goldberg, em 2003 a empresa começou a abrir pontos no exterior e hoje já tem cinco na China, cinco na Venezuela, dois em Portugal, um no Paraguai e um na Bolívia.

As primeiras unidades na China foram instaladas em 2008 e mais duas devem ser abertas em 2009. Segundo Goldberg, os produtos vendidos no exterior são fabricados no Brasil (a produção da empresa é integralmente terceirizada) e as exportações, enviadas a mais de 40 países, representam 10% do volume total de vendas.

No mercado chinês, o preço médio dos calçados vendidos pela Arezzo varia de US$ 150 a US$ 200 e o público-alvo é formado por mulheres entre 25 e 45 anos de idade.

A Via Uno, de Novo Hamburgo (RS), adotou o modelo em 2005 e desde lá aumentou o número de franqueadas de 56 para 236, sendo 151 no Brasil e 85 em 21 países, incluindo Argentina, Chile, Colômbia, México, França, Espanha, Portugal e México, explicou o diretor de varejo, Alexandre Sá Pereira. Para 2009, mesmo com as turbulências da economia, a meta é chegar a 324 unidades, informou.

"O sistema permite à indústria ter maior controle sobre a aceitação das coleções e maior integração com os clientes e também mostrar melhor os atributos da marca", explicou o diretor da Via Uno. De acordo com o executivo, as lojas franqueadas já respondem por metade das vendas totais no país e no exterior, mas ele preferiu não informar volumes nem faturamento.

A Piccadilly, de Igrejinha (RS), pretende montar operações semelhantes em 2009, mas a estratégia ainda está sendo estruturada, diz o diretor de novos negócios, Paulo Grings. "Estamos pesquisando, mas devemos adotar um modelo diferente da franquia tradicional", adiantou Grings ao Valor.

A West Coast, de Ivoti, também avalia oportunidades nessa linha, mas por enquanto não tem nenhuma decisão tomada a respeito, informou o gerente de marketing, Sérgio Baccaro Jr.