Título: Japão busca medidas contra desintegração da economia
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Fonte: Valor Econômico, 10/12/2008, Internacional, p. A11
O governo do Japão prometeu tomar mais medidas para apoiar a economia, que está em pior forma do que previram analistas. "Precisamos implementar políticas para evitar que a economia se desintegre", disse o ministro das Finanças do Japão, Kaoru Yosano. O premiê Taro Aso instruiu seu gabinete a encontrar formas de apoiar os trabalhadores que estão perdendo seus empregos.
De acordo com dados do governo japonês, o PIB recuou a uma taxa anualizada de 1,8% no terceiro trimestre. A contração foi maior do que a projeção reportada pelo governo no mês passado, de 0,4%, superando também a média das estimativas dos analistas, que apontava para redução de 0,9%.
Já na comparação com o resultado do segundo trimestre, o recuo foi de 0,5%, também superior aos dados preliminares iniciais, de 0,1%. Nessa comparação, a retração também superou a expectativa de queda de 0,2%.
Aso, cujo partido enfrenta eleições em setembro, já prometeu injetar 5 trilhões de ienes (US$ 54 bilhões) na economia, em uma iniciativa que não deteve a queda da sua popularidade. O seu partido, o Liberal Democrático (PLD), está discutindo se deve recuar nos planos de equilibrar o Orçamento até 2011 e permitir, ao contrário, que a maior dívida pública do mundo continue a crescer.
"O Japão já está em uma recessão profunda, de forma que é difícil desencadear uma recuperação apenas com um pacote de incentivos", disse Mamoru Yamazaki, economista-chefe para o Japão da RBS Securities Japan, em Tóquio. "Como a popularidade de Aso está desabando, existe uma sensação de crise entre os parlamentares do PLD, de que eles precisam gastar mais para conquistar mais apoio dos eleitores idosos e rurais."
O governo de coalizão japonês pode propor gastos adicionais de 20 trilhões de ienes nos próximos três anos para incentivar o crescimento econômico, disse o jornal "Yomiuri", sem citar suas fontes. O ministro da Fazenda, Shoichi Nakagawa, disse não ter conhecimento dessa notícia.
Os gastos gerais previstos no orçamento do ano que vem crescerão 6%, a maior alta desde 1979, disse o jornal "Nikkei", sem citar suas fontes.
Na economia real, as grandes empresas asiáticas estão apertando os cintos. A Sony informou que cortará 5% de sua força de trabalho, o que representa 8 mil empregos, como parte de esforços de reestruturação para economizar mais de US$ 1 bilhão.
Enquanto isso, investidores continuam à espera de um socorro às três grandes montadoras de Detroit. "A perspectiva econômica global parece um pouco menos horrível com todo o apoio vindo de grandes medidas de resgate planejadas por vários governos", afirmou Andrew To, diretor de vendas da Tai Fook Securities.