Título: Merck produzirá cópias de drogas biotecnológicas
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Fonte: Valor Econômico, 10/12/2008, Empresas, p. B8
A farmacêutica Merck disse que está adotando medidas para tornar-se líder na produção de cópias de medicamentos de biotecnologia e vendas nos mercados emergentes, diversificando suas pesquisas por meio de parcerias e novas tecnologias.
Num encontro anual com analistas, a Merck, chamada no Brasil de Merck Sharp & Dohme, tentou assegurar aos investidores que tem a estratégia certa para retomar o crescimento - depois de ter anunciado uma grande reestruturação e prever lucros menores e receita estagnada em 2009, por causa da concorrência dos genéricos, da recessão e outros problemas.
"A Merck já passou por momentos difíceis antes e se recuperou de uma forma que poucas outras companhias conseguiram", disse o presidente Richard T. Clark, referindo-se provavelmente ao desastre envolvendo a retirada do mercado mundial do antiinflamatório Vioxx, em setembro de 2004.
A administração da Merck está lançando uma nova divisão chamada Merck BioVentures, que vai produzir medicamentos novos e já em produção de cópias de medicamentos de biotecnologia. Esses medicamentos, embora já disponíveis na Europa, ainda não foram aprovados nos EUA - um assunto de muita discussão em 2009. O presidente eleito dos EUA, Barack Obama, defende a possibilidade de produção de cópias deste tipo de medicamento.
A unidade vai utilizar novas tecnologias para acelerar o desenvolvimento de medicamentos, incluindo a glyco-engenharia, à qual a Merck teve acesso em 2006 por meio de uma aquisição, que possibilita a produção rápida de anticorpos e outras proteínas.
Peter Kim, presidente da Merck Research Laboratories, disse que a unidade vai investir US$ 1,5 bilhão em pesquisas até 2015, construir uma fábrica até 2012 e que pretende lançar seis ou mais produtos entre 2012 e 2017.
Clark prometeu que a companhia vai se recuperar depois de um ano de transição em 2009, prevendo que a Merck "será uma das vencedoras da indústria farmacêutica no futuro". A fabricante, que vem insistindo nos planos de conseguir aprovação das autoridades americanas para três novos medicamentos em 2009, possui sete outros em estágios finais de testes, e iniciará testes finais com seis outros.
A Merck disse que caminha para atingir a meta de US$ 2 bilhões em vendas nos mercados emergentes, incluindo China e Índia. A companhia está trabalhando para reforçar as vendas mundiais de produtos existentes, mesmo com eles agora enfrentando a concorrência dos genéricos.
Em sua última iniciativa de reestruturação, anunciada em outubro, a Merck disse que espera eliminar 7,2 mil empregos até 2011 e economizar US$ 4 bilhões até 2013. Mas essa medida vai custar cerca de US$ 1,4 bilhão somente em 2008.