Título: Para Fiesp, decisão da estatal envolve a Argentina
Autor: Rittner , Daniel
Fonte: Valor Econômico, 08/01/2009, Brasil, p. A3

O Departamento de Infra-estrutura da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) informou ontem que a decisão da Petrobras de reduzir as importações de gás natural da Bolívia pode envolver a Argentina. Técnicos da entidade que representa a indústria paulista avaliam que a estatal brasileira não tem a flexibilidade de 30% no contrato com os bolivianos sem sofrer efeitos da cláusula conhecida como "take or pay".

Esse dispositivo do contrato prevê que a Petrobras tenha de pagar pelo gás mesmo se não importá-lo. A Fiesp trabalha com a suposição de que o gás natural que não será trazido para o Brasil deverá ser desviado para a Argentina.

"A redução de 30% das importações só poderia ser feita mediante um acordo tripartite, que envolveria também a Argentina e a Bolívia. Isso não foi anunciado, mas uma redução desse nível, sem um prejuízo da Petrobras, só poderia ocorrer com o envolvimento de um terceiro", afirmou ontem Carlos Antônio Cavalcanti, diretor de infra-estrutura da Fiesp.

Segundo ele, os argentinos importam gás natural liquefeito (GNL ) ao custo de US$ 22 por milhão de BTU, enquanto que o Brasil paga US$ 7,50 por milhão de BTU. Ao consumidor final, o governo argentino entrega o produto ao valor de US$ 2 por milhão de BTU.

"Seria uma grande negócio para a Argentina, não vamos nos surpreender com a ampliação dos volumes de gás natural boliviano para a Argentina. A preocupação da Fiesp é saber se quando precisarmos do gás, vamos tê-lo", disse Cavalcanti.