Título: Preocupação agora é com as economias emergentes
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 12/01/2009, Finanças, p. C10

As economias de países emergentes se deteriora e aumenta o pessimismo sobre uma retomada da economia global a partir deste ano, segundo alguns banqueiros centrais presentes ontem no Banco de Compensações Internacionais (BIS), em Basiléia.

O BIS promoveu ontem uma reunião entre os 12 grandes bancos centrais, incluindo o Brasil e México como os únicos emergentes, e 12 grandes bancos internacionais como Citibank, Morgan Stanley, BNP Paribas e Credit Suisse. Entre os presentes estava o presidente do Federal Reserve (o BC americano), Ben Bernanke, que raramente aparece no BIS.

A agenda oficial era sobretudo sobre questões de regulação bancária. A avaliação sobre o estado da economia global será feita somente hoje cedo pelos bancos centrais. Mas um banqueiro de banco central da Europa que participou dos debate foi incisivo. "O sentimento é de que a situação da economia internacional é extremamente difícil, muito ruim, porque as economias emergentes também estão indo muito mal." Sua avaliação é de que "toda a Ásia vai mal, a China vai mal, é inquietante".

Logo depois, o presidente de um banco central da Ásia, que participara de outro tipo de reunião no BIS, falou também sob anonimato, na mesma direção: "A situação de muitos emergentes está piorando, é um fato". Os emergentes é que vêm garantindo o que resta de expansão da economia global, atualmente.

A crise global, depois dos estragos feitos no mercado financeiro, agora se desloca para a economia real e a preocupação cresce sobre a saúde dos bancos. As encomendas caem, exportações não têm financiamento, as demissões aumentam, os investimentos estão congelados. Tudo isso vai resultar em elevação importante de créditos inadimplentes, dificultando ainda mais a situação dos bancos. Alguns analistas começam a chegar à conclusão de que os EUA, que causaram a crise global atual, poderão ser os primeiros a sair dela. (AM)