Título: Na indústria, novos cortes, férias e contrato suspenso
Autor: Bouças , Cibelle
Fonte: Valor Econômico, 15/01/2009, Brasil, p. A3

Indústrias dos setores de papel e celulose, químico, metalúrgico e têxtil anunciaram ajustes em seus quadros de funcionários. Em São Paulo, a empresa Plásticos Mueller, fabricante de itens plásticos para veículos, fechou acordo com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas, Farmacêuticas, Plásticas e Similares do município de suspensão temporária dos contratos de trabalho de 200 funcionários por até cinco meses. No período, a empresa comprometeu-se a pagar a diferença entre o salário e a bolsa qualificação, para que os empregados mantenham o mesmo rendimento mensal, além de manter benefícios como auxílio-creche, cesta básica, plano de saúde e vale-transporte.

No setor metalúrgico, a Votorantim Metais decidiu conceder férias coletivas aos funcionários das fábricas de Juiz de Fora e Morro Agudo-Paracatu, em Minas Gerais. A decisão foi anunciada pouco mais de um mês após anunciar a demissão de 184 funcionários em sua unidade de Niquelândia (GO). A justificativa é a adequação da produção aos níveis atuais de demanda. Em Juiz de Fora, as férias vão durar dez dias, a partir de 19 de janeiro. Em Morro Agudo-Paracatu, o período será de 30 dias, começando em 20 de janeiro. A empresa não informou o número de empregados envolvidos.

Já os segmentos de papel e celulose, química e têxtil anunciaram demissões. A Suzano Papel e Celulose confirmou a demissão de 180 funcionários em suas fábricas na Bahia e em São Paulo, incluindo seu escritório central. A empresa informou que os desligamentos representam 2% do sua força de trabalho. Mas, ao excluir os trabalhadores indiretos, a demissão representa queda de 5% dos empregos diretos que a companhia possuía no fim de 2007, segundo dados do seu relatório anual. A Suzano justificou que os cortes ocorreram depois de a empresa ter paralisado a produção, renegociado contratos e reduzido despesas com pessoal. Desde o início da crise, os preços da celulose no mercado externo caíram quase 40%.

Na área química, a Lanxess anunciou o corte 50 funcionários da Petroflex e o desligamento de 350 prestadores de serviços da empresa. O porta-voz da Lanxess, Jeferson Fernandes, informou que o agravamento da crise acelerou o processo de ajustes iniciado no ano passado. Com o corte, a Petroflex passa a ter 500 funcionários.

A indústria têxtil informou ter registrado o pior fim de ano em uma década. Sob efeito da crise, o setor viu a produção se estagnar em novembro e dezembro e extinguiu 15 mil das 58 mil vagas com carteira assinada criadas nos dez meses anteriores. "Não me lembro de ter visto tantas demissões no período nos últimos dez anos", disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Aguinaldo Diniz. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de vagas caiu 9,8% em novembro, em relação a novembro de 2007. No período, a indústria em geral elevou a oferta de vagas em 0,4%.

A Abit estima que, em novembro e dezembro, tenham ocorrido cerca de 20 mil de demissões, entre temporários e efetivos, fazendo com que o número de empregos gerados em 2008 tenha ficado em 40 mil postos. Antes da crise, a expectativa do setor era criar 55 mil novas vagas, disse Diniz. Para 2009, ele projeta a criação de 35 mil empregos no setor, que deve ser um dos menos afetados pela crise, por conta da alta do dólar, que permitiu a elevação das exportações. O setor tem 1,7 milhão de trabalhadores formais.(CB, André Vieira e agências noticiosas)