Título: Exportação de petróleo e derivados cai 53% no mês em relação a 2008
Autor: Landim , Raquel
Fonte: Valor Econômico, 21/01/2009, Brasil, p. A2

A conta petróleo representou 80% do déficit de US$ 390 milhões na balança comercial acumulado até a terceira semana de janeiro, o que ajuda a explicar um resultado bastante negativo. Os analistas alertam que janeiro é um mês sazonalmente fraco, por conta da entressafra de commodities, mas ressaltam que as exportações realmente vão cair muito este ano. "Não é para assustar", disse Francisco Pessoa, economista da LCA Consultores.

José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), disse que é cedo para cravar que vai haver déficit na balança em janeiro. Para ele, a Petrobras antecipou embarques para dezembro na tentativa de melhorar seu saldo em 2008, o que enfraqueceu as exportações de janeiro até agora. Se a empresa decidir realizar alguns embarques nas próximas duas semanas, o resultado pode mudar.

Pelo critério da média diária, as exportações de petróleo e derivados do país caíram 53,5% até a terceira semana deste mês em relação a janeiro do ano passado. Nas contas do departamento econômico do Bradesco, a conta petróleo apurou US$ 311 milhões de déficit até a terceira semana de janeiro, o que significa quase 80% do total. Mais um fator atípico ajudou a piorar o resultado da balança em janeiro: as importações de aviões feitas por uma companhia aérea brasileira.

Para os analistas do banco, o que mais preocupa na balança é a fraqueza das exportações, que sinaliza a desaceleração da economia global. As vendas externas de manufaturados recuaram 37% nas três primeiras semanas de janeiro em relação à média diária de janeiro de 2008. Na mesma comparação, caíram as exportações de material de transporte (-49,5%), equipamentos mecânicos (-30,7%), elétricos e eletrônicos (-46,6%), calçados (-43,5%), têxteis (-31,8%), entre outros itens.

Se o mês de janeiro terminar com um resultado negativo para a balança comercial, será o primeiro déficit mensal desde março de 2001. "Não é para assustar, porque a queda das exportações é significativa este ano e vai haver alguns meses com déficit", disse Pessoa, da LCA. Ele ressalta como fatores negativos a forte queda nos preços das commodities e a menor demanda por produtos manufaturados. Castro, da AEB, pondera que os negócios estão bastante travados por causa da crise. Ele não prevê queda tão acentuada nas vendas de manufaturados para o ano.

Para a AEB, o ano deve terminar com saldo comercial de US$ 17 bilhões. O Bradesco prevê superávit de US$ 10,7 bilhões, enquanto para a LCA não vai ultrapassar US$ 9 bilhões. De qualquer forma, o resultado deve ser bem inferior ao superávit de US$ 24,7 bilhões do ano passado.