Título: Aécio e Serra costuram apoio para 2010 em gabinetes do Congresso
Autor: Ulhôa , Raquel
Fonte: Valor Econômico, 11/12/2008, Política, p. A8

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, praticamente lançou-se ontem pré-candidato do PSDB à Presidência da República, em conversa com a bancada tucana no Senado, no gabinete do presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PE), seguida de reunião com o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ). Aécio anunciou a intenção de percorrer o país expondo suas idéias e apresentar uma proposta de programa com quatro ou cinco bandeiras. Voltou a defender a realização de prévias para escolha do candidato do PSDB, a partir de outubro de 2009, para que o nome fosse anunciado só em janeiro de 2010. Rodolfo Stuckert/Agência Câmara

Serra com Chinaglia: governador paulista agradece votações do interesse de SP

A ofensiva do governador mineiro acontece dois dias depois da divulgação da pesquisa do Instituto Datafolha que mostrou fortalecimento da pré-candidatura do governador de São Paulo, José Serra, que lidera em todos os cenários, com índices que variam de 36% a 47%. Aécio apresentou pequena oscilação (subiu de 15% na pesquisa anterior para 17%) quando é apresentado como o candidato do PSDB, mas fica atrás do deputado Ciro Gomes (PSB-CE).

Depois de Aécio, Serra também esteve no Congresso, para cumprir roteiro semelhante - tucanos e democratas -, além de visitar os presidentes da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN). Ambos foram a Brasília para, entre outros compromissos, assistir à posse do ex-deputado Ubiratan Aguiar, na Presidência do Tribunal de Contas da União (TCU).

Segundo interpretação de senadores presentes ao encontro de Aécio com tucanos, embora ele não tenha declarado abertamente ser pré-candidato, mostrou claramente a disposição de disputar para evitar a consolidação do favoritismo do governador paulista. "Ele deu um passo a mais", definiu o senador mineiro Eduardo Azeredo (PSDB). "O partido só tem a ganhar. Se ele crescer e tomar a pole position, o candidato é ele. Se não crescer o suficiente, o candidato terá nele um apoiador bem posicionado no grid de largada", afirmou o líder da bancada, Arthur Virgílio (AM).

Celso Junior/AE

Aécio com Antero e Virgílio ao fundo: disposição de fazer caravana por candidatura "Reiterei aos senadores que o PSDB tem uma extraordinária chance eleitoral, mas que deve neste momento se preocupar menos com a definição do nome e mais na construção das principais bandeiras que vão conduzir a nossa campanha, porque elas possibilitarão a atração de novos parceiros para um novo momento no Brasil", afirmou. Aécio disse que a conversa teve o objetivo de demonstrar sua disposição de discutir no Brasil e no partido essas propostas.

O índice da pesquisa mais comemorado pelo governador mineiro é o registrado pelas menções espontâneas, em que ganha 4% das citações, bem perto de Serra, lembrado por 6% dos entrevistados. Aécio considerou o percentual "muito estimulante", lembrando não ter disputado uma eleição nacional e não ter tido exposição nacional.

"Acho que é a demonstração de que existe espaço para uma nova construção no Brasil. Agora, eu não trabalho isso como uma obsessão, como um projeto pessoal, irredutível. Acho que é muito bom e positivo que o PSDB tenha um nome como José Serra, mas eu acho que nesse momento o mais relevante é nós definirmos o que nosso candidato vai representar", disse.

Pouco depois da visita de Aécio, Serra reuniu-se, com Garibaldi, Chinaglia e líderes da oposição. Questionado sobre a possibilidade de o PSDB fazer prévia para escolher o candidato à Presidência em 2010, Serra comentou apenas que "não há problema algum" sobre o assunto. "Se for o caso, será feito mais adiante. Isso é assunto para daqui a bastante tempo", desconversou o tucano, que é pré-candidato, assim como o governador mineiro.

Sobre Aécio, Serra tem "imenso respeito" por ele e considerar que o governador de Minas " tem todas as credenciais para ser candidato a presidente e para ser presidente". "E se for o candidato a presidente escolhido pelo meu partido, terá todo o meu apoio", afirmou.

O governador paulista disse que sua visita ao Congresso Nacional foi um gesto de agradecimento à aprovação do projeto de lei que trata da realizaçào de julgamento de réus por videoconferência. Serra afirmou que a medida é "imprescindível" nos dias atuais, porque evita o deslocamento de réus por grandes distâncias e evita que policiais militares sejam deslocados de suas funções para acompanhar presos para os tribunais.

Na conversa com os senadores, Aécio defendeu que o PSDB trabalhe para alterar a proposta de reforma tributária em tramitação. Considerou "adequado" o adiamento da votação desta reforma para o próximo ano.