Título: Temer negocia cargos na Câmara com DEM e PSDB
Autor: Costa , Raymundo
Fonte: Valor Econômico, 11/12/2008, Política, p. A10
Com o aval de seus principais líderes políticos, José Serra e Aécio Neves, o PSDB decidiu ontem apoiar a candidatura do presidente nacional do PMDB, Michel Temer, a presidente da Câmara dos Deputados. Os tucanos aguardam agora apenas a manifestação do Democratas (DEM), para formalizar o apoio conjunto das oposições, provavelmente na terça-feira. José Cruz/ABr
Michel Temer: deputado também recebeu o apoio ontem de José Múcio, ministro das Relações Institucionais
O líder José Aníbal (SP) reuniu a bancada do PSDB pela manhã. Não houve divergência em relação ao apoio do PSDB a Michel Temer nem de serristas e aecistas, nem de deputados de Estados cujos governadores estão ameaçados de perder o mandato, como é o caso de Cássio Cunha Lima, da Paraíba. O PSDB exige apenas que seja observada a regra da proporcionalidade (os cargos são distribuídos de acordo com o tamanho das bancadas).
Já o DEM preferiu um processo diferente: o líder Antonio Carlos Magalhães Neto ouviu um a um os deputados da bancada. Ele quer deixar os votos "amarrados", para evitar traições. A decisão dos antigos pefelistas já foi tomada: é de apoio a Temer, mas os demistas decidiram aguardar mais um pouco antes de anunciar o voto no pemedebista. Entre uma consulta e outra, os pefelistas tiveram uma conversa com o governador de São Paulo, José Serra, que esteve ontem no Congresso a pretexto de agradecer a aprovação da lei que autoriza a realização audiência judicial por videoconferência.
Pelas negociações em curso, se mantiver o acordo que tem com Temer, o PT será o segundo partido a indicar seu representante na Mesa Diretora (o primeiro é o PMDB, por ter a maior bancada). A expectativa era que os petistas reivindicassem a Primeira Secretaria, o segundo cargo mais importante da Câmara. Mas desde ontem o partido começou a examinar a hipótese de "pedir" a 1ª vice-presidência.
O fato revela as desconfianças do PT em relação ao deputado Michel Temer, que é ligado a Serra, segundo o entendimento dos líderes partidários. Se ficassem com a 1ª Secretaria, como seria previsível, caberia aos tucanos, na "terceira pedida", ficar com a 1ª vice-presidência. Nesse caso, nos últimos dois anos do governo Lula, a Câmara seria presidida por um deputado da ala do PMDB que se aliou a Serra em 2002, e na sua ausência, por um tucano instalado na vice-presidência. O apoio da oposição fortalece mas não assegura a eleição de Temer, que ontem recebeu o apoio do PTB, partido do ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais), apontado como um "tertius" eventual em caso de impasse na disputa.