Título: Petrobras planeja plataformas para pré-sal
Autor: Góes , Francisco
Fonte: Valor Econômico, 11/12/2008, Empresas, p. B8

Empresas brasileiras com atividades em perfuração de poços de petróleo e gás devem ser convidadas ainda mês, pela Petrobras, a apresentarem propostas para construir e afretar à estatal duas plataformas de produção destinadas ao pré-sal. As duas unidades, tipo navios-plataforma (FPSO, na sigla em inglês), seriam utilizadas nos projetos-piloto dos reservatórios de Iara e Guará, na Bacia de Santos, segundo executivos da indústria de óleo e gás. Eles estão na expectativa de que a Petrobras envie as cartas-convite na segunda-feira.

A Petrobras não confirmou a informação. Disse, por meio de sua assessoria, que as plataformas serão afretadas de terceiros, terão alto índice de conteúdo nacional e serão instaladas, em 2013 e 2014, em locações por definir, na área do pré-sal. A capacidade de produção de cada unidade será de 100 mil barris de petróleo e 5 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia.

Fonte do setor avaliou que a decisão de enviar as cartas-convite a afretadoras nacionais que operam plataformas de perfuração tem o objetivo de fazer essas empresas passarem a operar também na produção de petróleo e gás. Na lista de convidados estariam empresas como Etesco, Delba, Odebrecht, Petroserv, Schahin e Queiroz Galvão Óleo e Gás, entre outras.

Possíveis dificuldades de financiamento externo para desenvolver os projetos, em função da crise financeira internacional, poderiam ser minimizados pelo fato das plataformas terem a exigência de um alto conteúdo nacional, de cerca de 65%, o que abriria espaço para financiamentos pelo BNDES, segundo avaliação das fontes. As duas plataformas fazem parte de pacote de dez unidades cuja contratação foi aprovada este ano pela diretoria-executiva da empresa.

As dez plataformas vão operar em águas ultra-profundas, entre 2,4 mil e 3 mil metros. Elas são do tipo FPSO, plataformas flutuantes que produzem, estocam e escoam petróleo. A Petrobras dividiu a encomenda em dois: os afretadores nacionais devem construir duas unidades enquanto empresas responsáveis por construção e gestão de obras, os epecistas, farão oito cascos no dique-seco alugado pela estatal em Rio Grande (RS).

As plataformas construídas por afretadores serão alugadas à Petrobras por contratos de longo prazo, de 15 anos. Já as plataformas construídas pelos epecistas serão de propriedade da Petrobras e devem ser instaladas entre 2015 e 2016. A estatal está licitando os oito cascos e, separadamente, fará a licitação da parte superior das plataformas, que serão adaptados às características de cada campo de produção, segundo informou a empresa.

Cada uma das oito plataformas terá capacidade de produção diária de 120 mil barris de petróleo e 5 milhões de metros cúbicos de gás natural. O prazo de entrega das propostas para os oito cascos, previsto inicialmente para 30 de janeiro, ficou para 3 de março. A Petrobras não confirmou os prazos. Haveria dez empresas interessadas na construção dos cascos, mas há quem entenda que, no fim, devem ser apresentadas cinco propostas.

O preço estimado de construção de cada casco é de US$ 450 milhões. Se forem considerados 8 cascos, o valor aproximado da encomenda é de US$ 3,6 bilhões. O primeiro casco será entregue três anos a contar da assinatura do contrato, ou seja, em 2012. A plataforma só deverá estar pronta em 2013. Calcula-se no mercado que o preço total de cada uma das oito plataformas ficará entre US$ 1,7 bilhão e US$ 1,8 bilhão. Já o custo de cada unidade afretada pode ser menor, de cerca de US$ 1,5 bilhão.