Título: Petrobras vai testar novo tipo de plataforma
Autor: Góes , Francisco
Fonte: Valor Econômico, 12/12/2008, Empresas, p. B9

A Petrobras deve abrir ainda este mês as propostas para construção das plataformas P-61 e P-63, que serão instaladas no campo de Papa Terra, na Bacia de Campos. A P-61 será a primeira plataforma tipo TLP (Tension Leg Platform) a ser construída no Brasil. Esse é um modelo de plataforma muito usado no Golfo do México, nos Estados Unidos, e que a Petrobras começa a testar no Brasil, inclusive, para os campos do pré-sal. Se os testes com as TLPs forem satisfatórios, a Petrobras poderá mudar, no futuro, seu sistema de produção em mar.

Nas TLPs os sistemas de produção são acoplados em cima da plataforma, que também pode ter equipamentos de perfuração. O sistema difere do tradicionalmente utilizado pela estatal. A empresa atingiu seus atuais níveis de produção utilizando as FPSOs, plataformas flutuantes que produzem, estocam e escoam petróleo e gás. Nessas unidades os equipamentos de produção, como a árvore de natal molhada, são instalados no fundo do mar, o que exige a conexão dos poços à plataforma por linhas flexíveis. Já nas TLPs esses equipamentos ficam fora da água, sendo instalados em cima da plataforma.

Cada TLP pode ser conectada a mais de um poço, desde que próximos dela. Esse sistema tem custo menor mas os poços precisam ser perfurados próximos à unidade, enquanto nas FPSOs eles podem estar distantes até 30 quilômetros da embarcação, sendo conectados por meio de linhas flexíveis e outros equipamentos.

Entre executivos da indústria, havia a expectativa de que as propostas para a P-61 e a P-63, uma FPSO, fossem abertas hoje. A Petrobras negou a informação e informou que as propostas serão conhecidas a curto prazo. A data não está definida. A companhia analisa os documentos recebidos das empresas participantes.

No mercado, comenta-se que três estrangeiras que têm design próprio de TLPs, Modec, Floatec e SBM, apresentaram propostas para a P-61. Essas empresas devem subcontratar estaleiros nacionais para fazer o projeto. A Modec deve subcontratar o estaleiro Mac Laren, de Niterói (RJ). A Floatec está fechada com o Keppel Fels, de Angra dos Reis (RJ). O grupo Keppel, de Cingapura, é dono da Floatec em parceira com a americana J. Ray McDermott. Já a SBM teria feito várias cotações e, se ganhar, pode fechar parceira com a WTorre para construir a unidade no dique seco de Rio Grande (RS). O Valor procurou a SBM, mas a empresa não confirmou se está na disputa da P-61.

Já na concorrência da P-63, estariam no páreo Modec em parceria com Mac Laren, BW e Quip. A Petrobras vai comprar as duas plataformas. Ganha a concorrência quem oferecer menor preço. Pelo contrato, a empresa teria de operar a plataforma pelos três primeiros anos. O conteúdo nacional mínimo das unidades será de 65%. A previsão é que os contratos sejam assinados no primeiro trimestre de 2009, com o inicio da produção no primeiro trimestre de 2012.

A Petrobras recebeu, em 9 de dezembro, as propostas para a construção das duas plataformas para Papa Terra, campo no qual a estatal é a operadora e tem a Chevron como parceira. Segundo a Petrobras, a P-61 será do tipo TLWP (Tension Wellhead Leg Plataform), plataforma conhecida na indústria como "cabeça de poço" com completação seca. Ela será provida de sonda de perfuração e a sua produção será processada na P-63. A TLWP vai ser instalada em lâmina d´água de 1.180 metros. Já a P-63 terá capacidade de processamento de óleo de 150 mil barris por dia e de 1 milhão de metros cúbicos dia de gás. Ela será instalada em lâmina d´água de 1.165 metros. Papa Terra está localizado em águas profundas, a 1,2 mil metros abaixo da superfície do mar, e em linha reta da cidade de Cabo Frio, no litoral fluminense.