Título: Collor e Azeredo disputam Comissão de Relações Ext
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 05/02/2009, Política, p. A6

A disputa entre os senadores Fernando Collor (PTB-AL), ex-presidente da República, e Eduardo Azeredo (PSDB-MG) pela presidência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado é um dos principais problemas que o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), terá de administrar até terça-feira, quando deverá ser definida a partilha do comando das comissões permanentes da Casa. Jonas Pereira/Agência Senado

Patrícia é escolhida para a quarta secretaria: PR abriu mão de sua postulação depois que os tucanos anunciaram apoio à pedetista em troca de voto a Azeredo

Collor avisou o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), que não recuará da postulação do cargo, estando disposto a disputar com Azeredo no voto, em eleição entre os 19 integrantes da CRE. Seria um constrangimento para o ex-presidente, principalmente em caso de derrota. E Virgílio está confiante numa vitória de Azeredo, já que, segundo ele, o tucano teria apoio do DEM, do bloco governista e do PDT. Somados, eles têm 12 dos 19 integrantes da comissão.

Sarney gostaria de prestigiar seu colega ex-presidente, mas não articula abertamente a seu favor. A tarefa de buscar uma solução negociada está a cargo de seus maiores aliados: os líderes do PMDB, Renan Calheiros (AL), e do governo no Senado, Romero Jucá (RR).

A divisão das presidências desses colegiados, responsáveis pela análise de mérito e votação dos projetos antes da votação em plenário, foi adiada por causa de disputas - além de Collor e Azeredo, Ideli Salvatti (PT-SC) e Valdir Raupp (PMDB-RO), ex-líderes dos seus partidos até o início dessa sessão legislativa, competem pela Comissão de Infraestrutura - e por causa de uma queda-de-braço entre oposição e governo sobre os critérios do preenchimento desses cargos.

O PSDB espera os votos do PT no caso da disputa entre Azeredo e Collor pela CRE, por causa do apoio dado pelos tucanos ao candidato do PT à presidência do Senado, Tião Viana (AC). O próprio Tião teria prometido a Virgílio que irá votar no mineiro, caso haja a disputa. Além disso, a bancada tucana apoia a indicação de Ideli Salvatti para a Infraestrutura.

Para garantir o voto do PDT na CRE a favor de Azeredo, o PSDB apoiou ontem a indicação de Patrícia Saboya (PDT-CE) para a quarta secretaria. O PR postulava o cargo, mas abriu mão após negociação em que ganhou uma vaga de procurador da Casa - cargo com função pouco definida, que "zela pela imagem da Casa", segundo o líder do PR, João Ribeiro (TO).

Por determinação de Sarney, Renan e Jucá buscam também uma solução negociada para evitar uma disputa no voto entre a ex-líder petista e Raupp, que foi substituído na liderança do PMDB por Renan. É uma equação complicada, cuja solução pacífica teria de passar por uma mudança nos acordos feitos até agora.

No cenário atual, o PMDB, que tem a maior bancada (20), faria a primeira escolha. Seria a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), para onde iria o ex-presidente do Senado Garibaldi Alves (RN). O DEM, com 14 senadores, faria a segunda opção, que, pelo acordo atual, seria a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O indicado será Demóstenes Torres (GO).

Com a terceira maior bancada, o PSDB tem direito à escolha seguinte, recaindo sobre a CRE, considerada uma das três mais importantes comissões do Senado, ao lado da CAE e da CCJ. No próprio PMDB, há quem critique a indicação de Garibaldi Alves para a CAE, argumentando falta de familiaridade com assuntos econômicos. Alguns argumentam que uma comissão mais indicada, mais relacionada com seu Estado, cuidaria do desenvolvimento regional.

Outra divergência a ser administrada por Sarney é a falta de acordo entre os partidos da base governista e os da oposição em relação ao critérios da distribuição das presidências de comissões. DEM e PSDB defendem o respeito à proporcionalidade das bancadas dos partidos, o que daria o direito a duas comissões para cada um. Já o Bloco de Apoio do Governo (PT, PR, PSB, PC do B e PRB) preferem que o critério se baseie no tamanho do bloco e não dos partidos isoladamente. Se o critério for esse, DEM e PSDB juntos, que formam o bloco da minoria teria direito a três.