Título: Bastos nega que caso tenha sido abafado
Autor: Sergio Lamucci
Fonte: Valor Econômico, 01/03/2005, Política, p. A54

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse que seria uma "profunda injustiça" com o atual governo dizer que escândalos e corrupção estão sendo jogados para debaixo do tapete. Segundo ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quis partidarizar nem tornar públicos escândalos de governos anteriores. Além disso, acrescentou, o caso citado pelo presidente - de corrupção durante o processo de privatização - já está sendo investigado em São Paulo, por meio de uma ação de improbidade administrativa, e a Polícia Federal também conduz um inquérito no Rio de Janeiro. O ministro disse que o presidente Lula deverá dar explicações sobre o que disse se for notificado para fazê-lo. Para ele, no entanto, não cabe ao presidente investigar escândalos, mas a órgãos como o Ministério Público, a Polícia Federal e as polícias dos Estados. Bastos negou que o governo tenha feito acordo com a Câmara Federal para abafar o caso: "Absolutamente não. Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e processamento de impeachment são do âmbito da soberania do Congresso Nacional. Não do âmbito do Poder Executivo". O ministro da Justiça afirmou que não existiu em governos anteriores uma Polícia Federal que tenha investigado, desvendado e decifrado tantos crimes e casos de corrupção quanto nos dois primeiros anos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Para Bastos, o número de pessoas presas e o de casos desmontados em vários Estados brasileiros mostram o empenho do atual governo em desvendar corrupção. O ministro citou como exemplo o escândalo que envolve o INSS no Rio de Janeiro: "Não estamos jogando corrupção para debaixo do tapete. Ao contrário disso, esse governo é implacável com a corrupção. A Polícia Federal não persegue ninguém, mas apura até o fim as denúncias, doa a quem doer".