Título: Aldo dá sinais de que aceita entregar coordenação
Autor: Raymundo Costa e Maria Lúcia Delgado
Fonte: Valor Econômico, 01/03/2005, Política, p. A55

O ministro Aldo Rebelo sinalizou ao PT que não será empecilho para que a sigla retome a coordenação política do governo. Aldo pode ser remanejado para outra Pasta, talvez o Ministério do Trabalho, mas ainda não há decisão oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O PT fechou questão pelo cargo de Aldo, função que julga vital estar nas mãos da legenda na campanha das reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo um dirigente da sigla, é preciso alguém que conheça minimamente o partido para operar esse trabalho em 2006. Aldo é do PCdoB, um aliado fiel de todas as campanhas presidenciais de Lula, mas de bancada inexpressiva no Congresso. A amigos, Aldo disse que aceita trocar de Pasta, desde que não pareça que está apenas atrás de uma compensação. Para o lugar de Aldo, o nome mais citado é o do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP). Mas dois outros petistas eram mencionados ontem: o ex-líder na Câmara Arlindo Chinaglia (PT-SP) e o presidente da Infraero, Carlos Wilson (PT-PE). Também não é descartada a reunificação da coordenação política na Casa Civil de José Dirceu. João Paulo também é opção para líder do governo na Câmara, no lugar do deputado Professor Luizinho (PT-SP). Cunha, no entanto, avalia que o colega paulista já foi preterido na disputa pela presidência da Câmara e deveria ser mantido na função. Para os petistas, é importante que a coordenação política fique com alguém da Câmara, onde, no momento, a dificuldade para a rearticulação da base governista é maior. Ontem à noite, após conversar com Lula, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que "a reforma ministerial está para chegar". Renan chegou a esta conclusão depois de ouvir Lula avaliar que agiu acertadamente ao não precipitar a reforma ministerial. "Talvez em função do resultado (da eleição para a presidência da Câmara) o presidente tivesse que repetir a reforma para acomodar as forças", disse. No baralho da reforma, o nome do ministro Ciro Gomes aparecia ontem com a carta do Ministério da Previdência. Ciro informou ao Planalto que não pretende ser candidato em 2006. O governo procura um nome menos identificado partidariamente para a Pasta. Quer transmitir uma imagem de eficiência que Amir Lando não teria conseguido ano passado. Na hipótese de Ciro ser nomeado para a Previdência, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que era cotado para o cargo, poderia ser indicado para o Ministério da Integração Nacional. O ministro Eunício Oliveira, outro nome da cota do PMDB, permaneceria nas Comunicações. Embora tenha adiado a reforma para depois da eleição para a presidência da Câmara, os nomes cogitados por Lula são os mesmos de dezembro. Roseana Sarney será ministra, salvo algum problema pessoal. Falta definir a pasta. Lula está disposto a sacrificar nomes do PT, mas quer manter alguns deles no governo, em outras funções. Esse é o caso, por exemplo, de Olívio Dutra, atual ministro das Cidades, cujo cargo pode entrar numa composição para atender o PMDB ou até o PP, sigla que ganhou força após a eleição do deputado Severino Cavalcanti presidente da Câmara.