Título: Exportações do país alcançam US$ 100 bi
Autor: Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 02/03/2005, Brasil, p. A3

O Brasil acaba de alcançar US$ 100 bilhões em exportações, considerando os resultados das vendas externas dos últimos 12 meses (março de 2004 a fevereiro de 2005). Essa meta histórica chegou a ser divulgada ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, mas somente com os números do comércio exterior de fevereiro foi possível anunciá-la. Ontem, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, convidou vários empresários para dizer que a meta foi conquistada com um ano de antecedência. Isso porque no início do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, os US$ 100 bilhões foram prometidos para 2006. Para este ano, Furlan já havia afirmado que o governo projetou um crescimento de 12% nas exportações, o que significa fechar, em dezembro, US$ 108 bilhões em vendas externas. Mas diante do comportamento surpreendentemente positivo do comércio exterior no início de 2005, esse valor será, provavelmente revisado, para cima, no meio do ano. O forte ritmo de crescimento de 30%, registrado em 2004 para exportações e importações, foi mantido nos dois primeiros meses deste ano. O ministro alertou Lula no início da noite da segunda-feira que a meta dos US$ 100 bilhões seria alcançada. Ontem, a bordo do avião presidencial, Lula telefonou ao gabinete de Furlan para comemorar o resultado e aproveitou para dar parabéns aos empresários. Lula lançou a nova meta: US$ 150 bilhões em exportações, mas sem definir um prazo.

A balança comercial de fevereiro, em 18 dias úteis, teve exportações de US$ 7,75 bilhões e importações de US$ 4,97 bilhões. O saldo, portanto, foi de US$ 2,78 bilhões. A média diária das vendas foi de US$ 430,9 milhões. O crescimento do desempenho diário, em comparação com o mesmo mês de 2004, foi de 35,5% para as exportações e 32,5% para as importações. O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, destacou o excelente desempenho das vendas de manufaturados em fevereiro. A variação em relação ao mesmo mês de 2004 foi de 44,8%. Os semimanufaturados cresceram 39% e os básicos, 15%. Além disso, Ramalho informou que vários produtos da pauta brasileira de exportações tiveram aumento de preços. Os exemplos citados foram: laminados planos (85,7%), semimanufaturados de ferro/aço (58%), café em grão (44,9%), carne suína (44,8%), gasolina (32,9%), açúcar refinado (31,9%), petróleo (28,9%), couros e peles (25,3%), minério de ferro (21,2%) e alumínio em bruto (15,8%). Um resultado que superou as expectativas do governo em fevereiro foi o das vendas de automóveis. O aumento foi de 50,1%, com México, Argentina, Estados Unidos, Chile e Equador como principais destinos. Motores para veículos (46,6%) e autopeças (39,1%) também tiveram aumentos importantes no valor das vendas externas. As exportações de celulares em fevereiro também apresentaram recuperação. O item "aparelhos transmissores e receptores" registrou ampliação de 89,4% no mês passado. O governo voltou a afirmar que a tendência de diversificação de produtos e destinos nas exportações está em marcha. Nos últimos 12 meses, 31% das vendas foram para destinos tradicionais, mas 37% foram para países que não são tradicionais importadores de produtos brasileiros. No lado das importações, foi mantida tendência de crescimento próxima à das exportações. As compras de bens de consumo não-duráveis aumentaram 35,5%. Nessa categoria, os principais itens com crescimento em fevereiro foram produtos de toucador (63,8%), vestuário e outras confecções (61,9%), alimentícios (37,4%) e farmacêuticos (20,5%). Ramalho recusou-se a afirmar que o dólar desvalorizado em relação ao real seja o principal incentivo para esses aumentos nas importações.