Título: Volks propõe flexibilidade a sindicatos para evita
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Fonte: Valor Econômico, 17/12/2008, Brasil, p. A4
Diante de um cenário nada animador para 2009, a Volkswagen do Brasil intensificará o diálogo com os sindicatos para buscar um maior alinhamento entre produção e demanda durante o próximo ano. A idéia da montadora é convencer os representantes dos trabalhadores sobre a necessidade de flexibilização das horas semanais de trabalho, para que a produção possa se adequar melhor aos períodos de maior ou menor demanda e, assim, evitar demissões. Leonardo Rodrigues / Valor
Thomas Schmall, presidente da Volkswagen do Brasil: ajuste necessário
O presidente da Volkswagen do Brasil, Thomas Schmall, disse que a empresa já vem conversando com os sindicatos sobre essa possibilidade, porém ainda não houve definição. Afirmou que a proposta está sendo bem recebida, mas revelou que as negociações estão mais difíceis com os sindicalistas de Curitiba, que representam os metalúrgicos da fábrica de São José dos Pinhais, região metropolitana da capital paranaense. Por meio da assessoria de imprensa, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC disse que as negociações são normais e que fazem parte de uma série de medidas para evitar o desemprego no setor. O Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba não respondeu aos pedidos de entrevista.
De acordo com Schmall, "vai sobrar mão-de-obra" na empresa, caso não seja fechado um acordo sobre a flexibilização da carga de trabalho. O que a Volks propõe é que os metalúrgicos, que ganham por hora, trabalhem menos em períodos de menor demanda e mais em épocas de aquecimento do mercado. "O sindicato mais flexível corre menos risco de ter demissões", resumiu o executivo.
Mesmo sem fazer projeções para o desempenho da empresa em 2009, Schmall disse acreditar que as vendas globais de automóveis podem cair até 20% em relação a este ano. No caso específico da Volkswagen, informou que só será possível desenhar um cenário para o próximo ano a partir de janeiro, quando será avaliado o impacto das medidas de incentivo adotadas pelo governo, que reduziu a tributação do IOF para o financiamento de forma geral e o IPI sobre as vendas de veículos.
No primeiro fim de semana após o anúncio, a Volkswagen informou ter vendido 4,4 mil carros, 30% a mais do que no final de semana anterior. Schmall disse estar satisfeito com a postura do governo em meio às dificuldades da indústria e não descartou que novos pacotes possam ser anunciados. "Tudo vai depender da demanda."
Schmall disse ainda que o desaquecimento do mercado em 2009 levará as montadoras a buscarem corte de custos e aumento de produtividade para se manterem competitivas. A Volkswagen irá manter o investimento de R$ 3,2 bilhões programado para o Brasil até 2011. Na avaliação do executivo, só o investimento possibilita às empresas continuarem inovando e brigando por clientes em tempos de mercado apertado.
Apesar da forte desaceleração observada desde outubro, a montadora estima as vendas irão crescer mais que 6% em 2008. Segundo o gerente-executivo de planejamento e marketing, Fabricio Biondo, a alta sobre 2007 está hoje em 12,2%. Biondo afirmou que a retomada do mercado de veículos usados é um dos desafios para a recuperação das vendas de novos. O problema, segundo ele, é que o financiamento de usados é normalmente feito por bancos médios, que passam por dificuldades de liquidez.