Título: Em 2005, consumo das famílias e investimento vão puxar atividade
Autor: Sergio Lamucc
Fonte: Valor Econômico, 02/03/2005, Brasil, p. A5

A demanda interna deve ter um papel ainda mais importante no crescimento neste ano, segundo analistas. A maior parte das projeções aponta para uma expansão de 3,5% a 4% do Produto Interno Bruto (PIB), puxado principalmente pelo investimento e pelo consumo das famílias. O setor externo, que respondeu por 1,1 ponto percentual do crescimento de 5,2% de 2004, pode ter contribuição negativa ou neutra neste ano, uma vez que as exportações devem crescer a um ritmo inferior ao das exportações. O assessor de planejamento do BNDES, Francisco Eduardo Pires de Souza, estima um crescimento de 4% para o PIB neste ano. O desempenho dos bens semi e não duráveis (como alimentos e vestuário) deve ser o destaque de 2005, afirma ele, devido à expectativa de continuidade da recuperação do emprego e da renda. Esses setores, lembra ele, são mais sensíveis à melhora do mercado de trabalho, e devem puxar a atividade econômica neste ano. Em 2004, os grandes destaques foram os bens de capital e os bens duráveis (como automóveis e eletroeletrônicos), impulsionados principalmente pela expansão do crédito. Pela ótica da demanda, um dos principais motores do crescimento será o consumo das famílias, que deve crescer 6% em 2005, segundo avaliação da Tendências Consultoria Integrada. O outro componente da demanda que deve impulsionar o PIB é o investimento. A Tendências projeta expansão de 6,5% desse componente da demanda. O economista-chefe do Credit Suisse First Boston (CSFB), Nílson Teixeira, também aposta numa expansão mais firme do investimento e do consumo das famílias, acreditando que o setor externo, dessa vez, deve ter uma contribuição neutra para o crescimento. Souza, por sua vez, avalia que essa contribuição pode até ser negativa. Ele acredita que a taxa de câmbio valorizada vai afetar em alguns meses o ritmo das vendas externas, além de estimular importações. "En 2005, o mix de crescimento vai ser diferente", afirma Souza, ressaltando que a demanda interna vai ter um papel ainda mais expressivo que no ano passado. (SL)