Título: Queda dos juros nos EUA aumenta apetite por carteiras de mais risco
Autor: Campos , Eduardo
Fonte: Valor Econômico, 23/12/2008, EU & Investimentos, p. D2
Os fundos de ações internacionais acompanhados pela EPFR Global registraram captação liquida de US$ 8,4 bilhões durante a semana encerrada dia 17 de dezembro, marcando a sétima semana consecutiva de fluxo positivo de recursos. No entanto, o valor não é tão expressivo se for levado em conta que a base total de ativos dos fundos de ações acompanhados passa de US$ 2,2 trilhões.
De acordo com a consultoria, que acompanha um universo de fundos com mais de US$ 10 trilhões em ativos, o gatilho para o giro de recursos na semana foi o corte de juros nos Estados Unidos. Na terça-feira, o Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, derrubou o custo do dinheiro de 1% para uma banda entre zero e 0,25%.
A queda nos juros aumentou o apetite por risco e sinal claro disso foi o saque de US$ 7 bilhões dos fundos de renda fixa de curtíssimo prazo, os Money Market, mais conservadores. Esses fundos ainda registram uma entrada líquida de US$ 320 bilhões no acumulado do ano.
Entre os emergentes, três dos quatro grandes grupos de fundos apresentaram perda de recursos, como os diversificados Mercados Emergentes Globais (GEM, na sigla em inglês). No entanto, o diretor gerente da EPFR Global, Ian Wilson, faz uma ressalva apontando que parte da saída na categoria reflete o pagamento de dividendos feito por um fundo apenas. Não fosse por isso, os fundos emergentes registrariam captação.
Os Fundos de Ações da América Latina, que receberam US$ 151 milhões na segunda semana do mês, foram alvo de saques na terceira, mesmo registrando valorização de portfólio de 6,03% no período. Segundo a consultoria, a categoria deve encerrar o ano com perda líquida de US$ 4,5 bilhões a US$ 6 bilhões. Vale lembrar que os fundos voltados à região fecharam 2007 com fluxo positivo de US$ 10,2 bilhões.
O destaque segue com os fundos de ações da China, que devem encerrar o ano com captação na casa dos US$ 4 bilhões. Em 2007, categoria perdeu US$ 3 bilhões.
Entre os mercados desenvolvidos, os Estados Unidos tiveram a melhor semana em termos de captação em cerca de seis meses. Os fundos de ações do país captaram US$ 10,3 bilhões. Mais uma vez, os Exchange-Traded Funds (ETFs), que acompanham índices de mercado, de empresas de grande capitalização (large caps) foram o destaque. Na Europa, as carteiras de ações ganharam dinheiro novo pela quinta vez em seis semanas, apesar da valorização do euro ante o dólar no período.
No Japão, a valorização do iene, que chegou a ser negociado no maior preço em 13 nos contra o dólar, piorou a percepção do investidor com relação aos exportadores. Com isso, os fundos de ações do país registraram a 11ª semana seguida de saques.
Com os juros nos EUA atingindo o ponto no qual os investidores praticamente pagam para o governo guardar o seu dinheiro, os fundos de bônus de maior risco, entre outras categorias, registraram captação. Contrastando, os fundos de bônus emergentes perderam US$ 69 milhões na semana, mas o valor é bastante inferior à média de US$ 800 milhões registrada nas semanas anteriores.
Entre os fundos setoriais, a perda de valor do dólar e os juros baixos nos EUA aumentaram a atratividade dos veículos voltados para energia e commodities, que ganharam dinheiro novo.