Título: BC descarta antecipar a decisão
Autor: Ribeiro , Alex
Fonte: Valor Econômico, 09/01/2009, Finanças, p. C1

O Banco Central divulgou ontem uma longa e extensa agenda no exterior de seu presidente, Henrique Meirelles, procurando esvaziar rumores de que poderá realizar uma reunião extraordinária para promover desde já um corte na taxa básica de juros.

Meirelles embarcou ontem mesmo para Miami, onde participa hoje de uma conferência do banco Morgan Stanley. No domingo, ele integra a reunião bimestral do Banco Iternacional de Compensações (BIS, na sigla em inglês), em Basiléia, Suíça. Depois, volta para a América do Norte, participando de eventos em Nova York, Cancún e Miami.

A agenda internacional termina na próxima sexta-feira, dois dias úteis antes do início da reunião ordinária do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, no dia 20. O diretor de Política Econômica do BC, Mário Mesquita, responsável pelos estudos econômicos que embasam as decisões de política monetária, está em férias até o dia 17. Retoma o trabalho basicamente para participar da reunião do Copom.

Os rumores sobre possível "antecipação" do Copom surgiram em reunião de empresários e banqueiros anteontem com a equipe econômica, na qual estavam presentes Meirelles e o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Os representantes das indústrias de máquinas e equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, e da construção (CBIC), disseram que Meirelles prometeu estudar a proposta de antecipação da reunião do Copom.

Na verdade, no estatuto do Copom não existe a possibilidade de reunião antecipada. Mas, em tese, é possível convocar, a qualquer hora, uma reunião extraordinária. O expediente foi usado três vezes na história do Copom, criado em 1996, todas em período de turbulência, para subir os juros: crise asiática (1997), crise russa (1998) e crise da eleição de Lula (2002). Todas as reuniões extraordinárias aconteceram sem aviso prévio. Nessas ocasiões, o BC esperou o fechamento do mercado para comunicar que havia subido os juros.

Nesta crise, não é a primeira vez que surgem rumores sobre reunião extraordinária do Copom. Em 11 de dezembro, no Palácio o Planalto, empresários entenderam que o BC poderia antecipar a baixa de juros. Na época, Meirelles havia dado informação protocolar: o Copom cumpre sua obrigação de examinar permanentemente os dados econômicos para tomar as decisões que julga necessárias.