Título: IGP-10 tem deflação de 0,85% e registra maior tombo em 15 anos
Autor: Lamucci , Sergio
Fonte: Valor Econômico, 16/01/2009, Brasil, p. A2

As notícias no front inflacionário seguem extremamente positivas. O Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) de janeiro teve queda de 0,85%, principalmente devido ao tombo dos preços no atacado, tanto dos produtos agropecuários quanto dos industriais. Foi o maior recuo do indicador desde 1993, quando o levantamento começou a ser feito. Em dezembro, o IGP-10 tinha ficado praticamente estável, com alta de 0,03%. Com o resultado de janeiro, a alta do IGP-10 em 12 meses ficou em 8,23%, um tombo expressivo em relação aos 10,27% registrados em fevereiro nessa base de comparação.

Com peso de 60% no IGP-10, o Índice de Preços no Atacado (IPA) aprofundou a deflação que já havia sido observada no mês anterior, passando de um recuo de 0,22% para uma baixa de 1,5%. Segundo o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, "grande destaque deve ser dado à deflação dos preços industriais no atacado", de 1,47%, "a variação mais negativa desde que o regime de metas de inflação foi instituído em 99".

Ele ressalta a queda dos preços de veículos e da nafta. As cotações dos automóveis para passageiros recuaram 8,56%, enquanto as naftas para petroquímica caíram 28,86%, movimento influenciado pelo tombo das cotações do petróleo.

Relatório do Credit Suisse diz que o "IGP-10 de janeiro sugere que a melhora do comportamento da inflação no setor industrial não é um processo concentrado em poucos segmentos da indústria, como automóveis, mas generalizado entre os setores". Os economistas do banco destacam a queda significativa do índice de difusão (percentual de produtos que subiram), por indicar que a dinâmica recente dos preços em diversos setores está sendo mais favorável. No caso dos bens intermediários (insumos) no atacado, excluindo-se alimentação, o índice de difusão ficou em 31,6% em janeiro, abaixo dos 42,5% de dezembro e dos 49,9% da média móvel de 12 meses.

Para o Credit Suisse, esse movimento sugere que, apesar da forte alta do dólar nos últimos meses, "o impacto da significativa queda dos preços das commodities e da atividade econômica está sendo mais importante para a determinação da inflação do que a taxa de câmbio".

Em relatório, a LCA Consultores diz que "já era esperada uma forte descompressão dos preços dos produtos industriais no atacado, dando continuidade ao processo iniciado em novembro". A consultoria nota, contudo, que no IGP-10 de janeiro "esse processo apresentou, indubitavelmente, uma mudança importante de patamar para baixo, o que reforça não somente nossa avaliação acerca dos efeitos defasados das quedas nas cotações de importantes commodities, mas, sobretudo, da desaceleração da atividade econômica internacional e doméstica no início de 2009, o que tem mitigado repasse de preços".

O IPA agropecuário também teve queda forte, de 1,56%. Os preços dos bovinos caíram 6,75% e os suínos, 13,64%.

Com peso de 10% no IGP-10, o Índice Nacional do Custo da Construção (INCC) registrou desaceleração importante, passando de uma alta de 0,33% em dezembro para um aumento de 0,17% em janeiro. O grupo material e serviços subiu 0,3%, abaixo do 0,49% do mês anterior.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que responde por 30% do IGP-10, repetiu a taxa de 0,62% de dezembro. Os grupos que tiveram maior alta foram os de educação, recreação e leitura (1,22%) e transportes (0,83%), "puxados pelos reajustes sazonais nos cursos e nas tarifas de ônibus urbano", como nota Gonçalves. O grupo alimentação teve alta ainda forte, de 0,81%, mas abaixo do 1% registrado em dezembro. A batata inglesa subiu 14,96%, o tomate, 11,79% e a cenoura, 25,07%.

O IGP-10 é calculado com base na coleta de preços realizada entre os dias 11 do mês anterior e 10 do mês de referência. (Com Folhapress)