Título: Bancos cortam juros mas spread amplo limita o alívio para clientes
Autor: Travaglini , Fernando
Fonte: Valor Econômico, 22/01/2009, Finanças, p. C8
Na esteira da redução da Selic pelo Copom, os bancos já anunciaram corte nas taxas de juros para algumas linhas de empréstimos. A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil foram os mais agressivo. A Caixa reduziu os juros em até 0,94 ponto percentual. As instituições privadas limitaram as baixas a 0,08 ponto percentual ao mês, equivalente a um ponto por ano, repasse da redução feita pelo Banco Central. A exceção foi o Grupo Santander Brasil, que chegou a cortes de 0,33 ponto, para pessoas físicas.
O Banco do Brasil afirmou que a partir de sexta-feira algumas modalidades já terão os juros reduzidos. A taxa mínima do cheque especial, por exemplo, será reduzida de 1,42% para 1,34% ao mês. A maior queda se deu no BB Crediário, de 3,19% para 2,62% ao mês. Para as empresas as quedas variam entre 0,08 e 0,1 ponto percentual
A Caixa Econômica Federal informou que reduziu juros pela segunda vez em janeiro. Para as micro e pequenas empresas (faturamento anual até R$ 7 milhões), por exemplo, as reduções chegam a 23,56% (duplicatas e cheque eletrônico), de 3,99% para 3,05%. No consignado, baixou os juros de 2,5% ao mês para 2,39%.
O Bradesco reduziu os juros, a partir de hoje, para pessoas físicas e empresas entre 0,05 e 0,08 ponto por mês. No cheque especial, por exemplo, a mínima caiu de 4,83% para 4,78% ao mês, e a máxima de 8,64% para 8,56% ao mês.
Na mesma linha, o Unibanco também divulgou cortes de 0,08 ponto ao mês para as taxas mínimas do crédito pessoal parcelado e do cheque especial, a partir de segunda-feira. Para empresas, serão reduzidas as taxas máximas cobradas no cheque especial e no capital de giro. O Itaú cortou as taxas para o empréstimo pessoal parcelado para pessoas físicas de 7,09% para 7,01% ao mês e do cheque especial de 8,95% para 8,87% ao mês. Para empresas a redução foi da mesma ordem.
Já o Grupo Santander Brasil reduziu as taxa de diversas modalidades para clientes do Santander e do Real de forma mais agressiva. A taxa máxima do crédito pessoal, por exemplo, caiu de 6,69% para 6,36% ao mês. No consignado, a taxa mensal máxima caiu de 3,60% para 3,50% ao mês.
Essas medidas, no entanto, terão pouco impacto para o cliente final, na avaliação a Anefac, pois os juros na ponta estão muito acima da Selic. Além disso, segundo os próprios bancos, o custo de captação não é o fator determinante na formação dos juros para o cliente. O maior peso é da inadimplência, refletido no spread elevado.
Como o cenário visto pelos bancos é de incerteza para os próximos três meses, não há, na visão das instituições, espaço para redução dos spreads. "É possível que nos próximos três meses mesmo uma redução agressiva da Selic não se reflita imediatamente nas taxas finais para os clientes", afirma Renato Oliva, presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC).
Dessa forma, a alta dos spreads pode incorporar boa parte da queda dos custos. Entre setembro e novembro, auge da crise americana, os spreads para pessoas físicas subiram cinco pontos, quando a alta na captação foi de 0,6 ponto. Para empresas, a alta dos juros foi de 3,6 pontos no mesmo período, apesar da queda de 0,7 ponto no custo de captação.