Título: Crédito difícil pode atrapalhar a Azul
Autor: Schüffner , Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 23/01/2009, Empresas, p. B4

A Azul, mais nova companhia área brasileira com pouco mais de um mês de vida, já diz que não poderá contar com 16 aviões na frota como previsto no ano passado. Seu presidente, Pedro Janot, disse ontem que a dificuldade de crédito pode atrapalhar a aquisição de mais aeronaves e que "o mercado ainda está muito oscilante". Marisa Cauduro/Valor

Janot, presidente da Azul, participou ontem a audiência pública da Anac: "o mercado ainda está muito oscilante"

O fato não deixa de surpreender já que a empresa foi criada tendo um caixa de US$ 200 milhões, o que foi considerado uma posição bem confortável. Janot diz que a situação permanece boa, não não informa o tamanho atual do caixa. Diz que o dinheiro inicial tem o objetivo de facilitar garantias dos financiamentos e ter capital de giro suficiente "para aguentar a competição e (pagar aos gastos para) o lançamento da companhia".

A Azul poderá fechar o ano com 14 jatos ou menos, segundo o Valor apurou. Do total de 16 previstos, seis viriam da JetBlue, nos EUA, e dez viriam da fábrica da Embraer. Mas, agora, apenas quatro virão da empresa americana. A Azul ainda pode alterar o cronograma com a Embraer, postergando alguns recebimentos de jatos. Na definição da frota, a Azul leva em conta, além da oferta de crédito, o crescimento da demanda no país - ainda positivo, mas em desaceleração desde o estouro da crise financeira em setembro - e a possibilidade de ter vôos no Santos Dumont (ler abaixo). A operação no aeroporto central do Rio de Janeiro justificaria uma frota maior para atender a demanda no local.

A Azul tem cinco aviões voando e outros três (segundo Janot adquiridos com financiamento externo) estão chegando para começar a operar dia 30. Outros duas aeronaves fabricados no Brasil pela Embraer, deverão ser financiados pelo BNDES. Ontem Janot esteve no banco para tratar do assunto. Segundo ele o financiamento pedido é de US$ 50 milhões, metade para cada aeronave. Os seis que faltam, se for considerada como certa a compra dos aviões Embraer, podem não ser incorporados à frota no cronograma previsto.

"Tenho que dizer que a captação de financiamento está difícil" disse Janot. Porém, segundo ele, as negociações estão em fase final, o que o BNDES confirma. Janot disse que um dos motivos para a demora do acordo com o BNDES é a modelagem de financiamento de aeronaves brasileiras para o mercado interno, porque mudam, por exemplo, garantias e bancos parceiros que apóiam a operação. Consultado, o BNDES informou que já existe uma linha formatada há dois anos que permite financiamento de aviões fabricados no Brasil.

A Azul estreou vôos em 15 de dezembro e, segundo seu presidente, apresentou no primeiro mês "vários" vôos lotados para Salvador e Porto Alegre, dois dos destinos da companhia que tem sua base de operações em Campinas, mas sonha com o Santos Dumont. Janot disse que ainda não sabe qual foi a participação de mercado exata da Azul no primeiro mês de vida. Em quinze dias de operação em dezembro, sua fatia chegou a 0,31% e a ocupação dos vôos foi de 45%. "Nosso objetivo é a rentabilidade", disse o executivo.