Título: Confiança do empresariado recua para o menor índice desde 1999
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 28/01/2009, Brasil, p. A2

O empresariado brasileiro reage com pessimismo ao alastramento da crise econômica originada no sistema financeiro americano. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o índice que mede a avaliação dos industriais brasileiros passou a apontar falta de confiança, o que exercerá impacto negativo sobre os investimentos e sobre a demanda por insumos e matérias-primas. "Conseqüentemente, espera-se a manutenção da tendência de desaceleração do ritmo da atividade industrial, bem como da economia brasileira como um todo", dizem os técnicos da CNI.

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei), calculado trimestralmente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), caiu para 47,4 pontos em janeiro, o menor resultado desde janeiro de 1999. Também foi a primeira vez desde outubro de 2002 que o índice não ficava abaixo de 50 pontos. Resultados acima dessa marca indicam empresários confiantes e, abaixo disso, pessimistas. Na pesquisa anterior, de outubro, o indicador já tinha captado a perda de confiança dos industriais, que se defrontavam com os primeiros impactos da crise. Nela, o Icei marcou 52,5 pontos, nível mais baixo desde julho de 2005.

De acordo com a pesquisa de janeiro, a falta de confiança é maior entre as indústrias de médio e grande porte (índices de 45,3 e 47,3 pontos, respectivamente). Os setores mais pessimistas são veículos automotores (39,8 pontos) e papel e celulose (40,3 pontos).

A avaliação geral sobre a situação atual dos negócios piorou fortemente, com seu índice caindo de 50,5 em outubro para 36 em janeiro. O parecer é pior para a economia como um todo (28,1 pontos) do que para as condições das empresas (40 pontos). As expectativas futuras são melhores, com índice de 53,1 pontos, mas ainda assim com a menor pontuação desde janeiro de 1999. Os industriais estão confiantes com as próprias empresas (56,6 pontos), mas permanece pessimista com relação à economia (46,3 pontos). Foram consultadas 1.407 empresas, sendo 749 pequenas, 444 médias e 214 grandes, entre os dias 5 a 26 de janeiro de 2009.

Já a percepção do consumidor brasileiro foi em direção contrária neste mês. A Sondagem de Expectativas do Consumidor, feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), passou de 97,4 pontos em dezembro para 100,3 pontos na abertura de 2009, um crescimento de 3%.

Viviane Bittencourt, coordenadora técnica do indicador, ressalva, que esse é o nível mais baixo para meses de janeiro desde 2005. A explicação para essa melhora, segundo ela, pode estar na base muito baixa de dezembro. Algumas iniciativas do governo também podem ter influenciado positivamente a opinião dos consumidores, como a redução do IPI na venda de veículos e o corte da taxa de juros em 1 ponto percentual definido quarta-feira.

Entre o mês passado e o atual, a parcela dos que prevêem melhora no quadro econômico foi de 18,3% para 22,5%, e diminuiu a proporção daqueles que esperam o contrário, de 36,3% para 28,1%.