Título: Na América Latina, até 2,4 milhões vão perder o emprego em 2009
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 28/01/2009, Internacional, p. A7

O desemprego deve voltar a crescer na América Latina, pela primeira vez desde 2003, por causa dos efeitos da crise econômica mundial. A conclusão consta de um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que projeta um aumento de 1,5 milhão a 2,4 milhões de desempregados em 2009 na região.

Esse contingente se somaria ao total de 15,7 milhões de pessoas já desempregadas na América Latina. O aumento do desemprego corresponde a uma elevação da taxa regional de 7,4%, em 2008, para algo entre 7,9% e 8,3% em 2009, retornando aos mesmos patamares de 2007, quando se registrou o índice de 8,3%.

"Isso, sem dúvida, seria um retrocesso", afirmou a diretora do escritório da OIT no Brasil, Laís Abramo, ao divulgar o relatório sobre o mercado de trabalho.

As projeções consideram um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) regional de 1,9% este ano, depois de uma expansão de 4,6% em 2008. A OIT usa os cálculos de PIB da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Laís Abramo chamou atenção para os números de demissões em dezembro no Brasil, que superaram 654 mil postos fechados. Segundo ela, o dado é um alerta, mesmo com o saldo positivo de 2008 de 1,45 milhão de empregos criados.

"[Dezembro] realmente é a luz vermelha, um sinal de alerta importante para o que pode vir a acontecer no mercado de trabalho" afirmou a diretora da OIT.

As mulheres e os jovens são os mais prejudicados quando levado em conta o cenário geral latino-americano. Segundo o estudo, o nível de desocupação entre os jovens das áreas urbanas da região é 2,2 vezes maior que a média geral de desemprego, que foi de 7,5% em 2008. Entre as mulheres, o número de desempregadas é 1,6 vez maior que entre os homens.

Quando são analisados os empregos em setor informal, aqueles cujo trabalhador não tem acesso aos benefícios sociais, a realidade muda e a incidência é maior entre os homens, 41,6%, que entre as mulheres, 39,6%.

O estudo da OIT ressalta que ampliar o acesso e melhorar a cobertura dos serviços de proteção social são desafios que devem ser encarados pelos países da América Latina e do Caribe, porque isso "melhora as condições de trabalho e ajuda a diminuir a pobreza".