Título: Promon prevê crescer 80% com contratos de Vale e Petrobras
Autor: Ribeiro , Ivo
Fonte: Valor Econômico, 28/01/2009, Empresas, p. B6

Com aposta na manutenção de grandes projetos da Petrobras e da Vale do Rio Doce, seus principais clientes, a Promon Engenharia espera faturar R$ 700 milhões neste ano. Mesmo com a crise econômica, a antiga divisão de negócios da Promon S.A., desde o ano passado com vida própria, está abrindo em Minas Gerais uma filial para captação e execução de obras. A idéia é ter mais uma base de operações, além de São Paulo e Rio. Anna Carolina Negri/Valor

Gilson Krause, presidente: "Nosso grande receio era de que os projetos da Vale e Petrobras sofressem adiamentos"

De contratos com a estatal petrolífera deverão vir neste ano dois terços da receita projetada para essa divisão de negócio. Se confirmada a meta de faturamento, vai representar crescimento de 80% sobre os R$ 385 milhões obtidos pela empresa no ano passado. O negócio de engenharia, dessa forma, deverá se transformar no principal da Promon após a fusão da área de tecnologia (telecomunicações) com o grupo Logicalis na América Latina, onde o grupo passou a deter 30%. A outra operação é a Trópico (uma joint venture com CPqD e Cisco Systems).

Conforme dados ainda preliminares, o grupo Promon obteve receita total de R$ 900 milhões em 2008 e engenharia alçou à liderança. Essa área voltou a retomar fôlego no início desta década com os investimentos em energia no país (principalmente nas térmicas emergenciais), logo depois com a área de óleo e gás e a partir de 2004 foi impulsionada pelo boom das commodities metálicas e pela expansão e novos projetos em siderurgia, além de petroquímica e indústria de fertilizantes.

A empresa faz desde projetos conceituais e básicos, consultoria, até obras completas, as EPC, que envolvem engenharia básica, compras de materiais e equipamentos e a construção dos empreendimentos. Os principais setores de atuação são óleo e gás, energia, mineração, química e petroquímica, fertilizantes e manufatura industrial.

Gilson Krause, presidente da Promon Engenharia desde meados do segundo semestre, afirma que o receio da empresa era que os grandes projetos envolvidos com Petrobras e Vale fossem suspensos ou adiados por conta da crise econômica global. "Felizmente estão mantidos", disse o executivo na véspera da estatal lançar seu novo plano estratégico para o período 2009-2013, que cresceu 55%, para US$ 174 bilhões no período. A expectativa era se orçamento da companhia seria ampliado, contemplando exploração do pré-sal.

Atualmente, com a Petrobras, a empresa está contratada desenvolvimento de processos e instalações voltados ao diesel limpo nas suas principais refinarias. Esse investimento é prioritário dentro da estatal, afirma Krause, que desde 2002 comandava como diretor essa divisão da Promon.

Com a Vale, informa o executivo, a empresa firmou em dezembro contrato para levar avante o projeto da nova refinaria de alumina, no Pará. Além disso, está envolvida em outros empreendimentos, como a térmica de 600 MW, minas de ferro e obras de expansão na ferrovia e no porto.

No ano passado, 45% da receita do negócio engenharia veio de contratos com a Petrobras, 30% com a Vale, 15% da área de siderurgia e outros de mineração e 10% dos setores químico, petroquímico, álcool e açúcar e de fertilizantes. Para 2009, entre 60% e 70% são projetados de serviços fechados com a petrolífera.

"Nosso grande receio era de que os projetos da Vale e Petrobras viessem a sofrer alongamentos de execução", comentou. Ele admite que muitos, de porte menor, de outros clientes, foram adiados e até suspensos. "Estamos otimistas, mas com cautela".

"Em 2007, deixamos de aceitar alguns projetos por falta de mão-de-obra especializada no mercado", observou Krause. Ele informa que no ano passado contratou 381 pessoas para o quadro da Promon Engenharia, que conta com 1,2 mil funcionários. "Hoje, nosso ritmo de contratação está menor, em torno de 20", diz.

A filial na capital mineira foi projetada para ter 100 funcionários. Vai começar com 20 e no médio prazo tem plano de dobrar esse número. A decisão, garante, foi porque São Paulo e Rio estavam saturados em termos de pessoal capacitado (engenheiros e técnicos) e Minas é uma fonte natural desses profissionais. Além disso, apesar da crise, é no Estado que estão a maioria dos projetos para mineração e siderurgia. A Usiminas, por exemplo, planeja fazer pelo menos a primeira fase de sua nova usina.