Título: Economia mundial terá a menor expansão desde a Segunda Guerra
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Fonte: Valor Econômico, 29/01/2009, Internacional, p. A15

O Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou a previsão de crescimento da economia mundial, alertando que os riscos de deflação estão aumentando e os ativos tóxicos precisam ser removidos do sistema bancário. A pior crise mundial em 60 anos pode levar 50 milhões de pessoas a perder seus empregos, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

A estimativa para expansão global neste ano foi reduzida para 0,5% - a mais fraca desde a Segunda Guerra Mundial - frente à previsão de 2,2% anunciada em novembro. "A despeito das fortes ações políticas, a pressão sobre os mercados financeiros continua aguda, puxando a economia real para baixo", destacou o FMI na previsão atualizada. A perspectiva é pior para economias avançadas como os EUA e a zona do euro, com previsão de contração de 1,6% e 2%, respectivamente.

"Uma recuperação econômica sustentável não será possível até que o setor financeiro tenha as suas funções restauradas e o mercado de crédito seja desobstruído", disse o Fundo.

O FMI disse que as economias emergentes devem ser a única fonte de crescimento, com expansão de 3,3% este ano e de 5% no próximo. Esse prognóstico, no entanto, é mais baixo que o anunciado há três meses. O Fundo espera que a economia mundial se recupere gradualmente em 2010, com crescimento em torno de 3%, e acrescentou que as perspectivas ainda estão incertas, o que faz com que o ritmo da recuperação dependa das medidas adotadas pelos governos.

"Para esse propósito, novas iniciativas políticas são necessárias para gerar um reconhecimento crível das perdas com crédito, classificar as empresas financeiras de acordo com sua viabilidade a médio prazo e prover suporte público para instituições viáveis com injeção de capital e retirada de ativos ruins", acrescentou.

O FMI disse que os riscos de deflação foram ampliados por causa da queda de várias economias importantes e da crise financeira mundial, mas afirmou que o cenário mais provável é que o mundo escape de uma queda contínua dos preços.

Para o Brasil, a estimativa do Fundo é de crescimento de 1,8% neste ano e de 3,5% em 2010.

Segundo a OIT, até 51 milhões de postos de trabalho podem desaparecer neste ano em decorrência do desaquecimento econômico global, que se converteu numa crise global do emprego.

"Se a recessão se aprofundar em 2009, conforme muitas previsões, a crise mundial dos empregos vai se agravar acentuadamente", informou o relatório sobre o mercado de trabalho global, divulgado ontem. "Podemos prever que, para muitos dos que conseguirem conservar seus empregos, seus ganhos e outras condições de trabalho vão piorar."