Título: Embraer pede ajuda ao BNDES para clientes
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 29/01/2009, Empresas, p. B1

A Embraer decidiu pedir ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ajuda aos compradores dos seus aviões para que não suspendam ou adiem as encomendas já feitas. Até agora, a empresa não recebeu nenhum pedido de cancelamento, mas diversos clientes já pediram para adiar entregas.

Em casos de financiamento de curto prazo, a própria Embraer decidiu cororrer com recursos próprios. Foi assim com a venda de um jato para a Azul, companhia que acaba de estrear no mercado.

Esse tipo de ajuda "é uma operação localizada de curto prazo, uma espécie de ponte", procura explicar o vice-presidente executivo de aviação comercial da Embraer, Mauro Kern. "Não é nossa intenção financiar as vendas; por isso estamos procurando o BNDES", completa o executivo.

Segundo ele, além do BNDES a fabricante de aviões está também procurando outros bancos para tentar intermediar o financiamento para que os clientes não precisem pedir o adiamento de pedidos. A Embraer não divulga quais clientes pediram para postergar as entregas.

O ano começou bem em termos de entregas para a Embraer. A empresa entregou esta semana um jato para até 122 passageiros para o grupo alemão Lufthansa. Serão mais 14 aeronaves para essa companhia ao longo do ano. Mas as perspectivas de fechamento de novos negócios não parecem tão promissoras.

"Este será um ano difícil com a contração da atividade" afirma Kern. "Apesar de termos uma carteira sólida o cenário traz dificuldades", completa. Para ele, " 2009 será um ano desafiador".

A dificuldade em vender agora deverá se refletir no ritmo da atividade da Embraer no futuro. Talvez por conta disso, a empresa já se antecipou e decidiu não preencher as vagas que estão sendo abertas no processo de "turnover" que a direção da empresa considera natural. Segundo porta-voz da empresa, a direção garante que fará de tudo para evitar cortes. O total de empregados da empresa começou a diminuir já na virada do ano. Passou de 23,7 mil em setembro para 23,5 mil no fim de 2008.

Afetada pela crise mundial, a carteira de pedidos da companhia diminuiu 3,2% no último trimestre saindo de US$ 21,6 no final de setembro para para US$ 20,9 bilhões no fechamento do ano. Em 2008, a Embraer registrou recorde de entregas, de 204 aeronaves, 20% acima do total de 2007. Para 2009, está mantida a projeção divulgada no início de novembro de entregar 270 aeronaves. A aviação comercial representa 63,7% da receita da Embraer, que fechou ficou em US$ 7,6 bilhões nos nove primeiros meses de 2008. O total do ano ainda não foi divulgado. É na América do Norte onde está a maior parte dos clientes da companhia (45,11%)

Ao mesmo tempo em que enfrenta um cenário mais difícil por conta da crise, a Embraer sabe que precisa manter o ritmo de desenvolvimento das futuras aeronaves para acompanhar tanto os concorrentes tradicionais, como a canadense Bombardier, como também os novos em outros países, como a Rússia. "Respeitamos todos os concorrentes e, por isso, estamos trabalhando firme nas nossas novas tecnologias", diz Kern.