Título: Projeto define país como alvo de combate à corrupção
Autor: Moreira , Assis
Fonte: Valor Econômico, 03/02/2009, Brasil, p. A2

O Brasil vai ser foco de combate à corrupção através de uma iniciativa do Fórum Mundial de Economia financiada por algumas multinacionais. Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos, parceiro do Pacto Anticorrupção Internacional do fórum, informou que o Brasil foi escolhido "por reunir um conjunto de características, desde o tamanho da corrupção, como a existência de mecanismo para combater essa praga".

A Fluor Corporation, multinacional do setor de construção, é um dos principais financiadores do projeto. Também estão envolvidos o Banco Mundial, o Pacto Anticorrupção das Nações Unidas e a Transparência Internacional. "Existe grande risco de aumento da corrupção no Brasil e no resto do mundo com essa crise", diz Young, resumindo debates ocorridos em Davos. "A qualidade dos políticos passa a ser ainda mais importante diante da intervenção maior do Estado e as empresas ou podem entrar nessas práticas ou reagir."

A ideia é disseminar práticas mais avançadas de combate ao suborno e ampliar o monitoramento da maior presença do Estado na economia. Young menciona estudos sobre a dimensão da corrupção no Brasil, que poderia chegar a 3% do Produto Interno Bruto (PIB).

A constatação em Davos foi de que o aperto de crédito, riscos de falência e maior intervenção do Estado na economia ampliam os riscos de mais suborno nos negócios globalmente. "Já estamos vendo isso ocorrer, especialmente no Leste Europeu", disse Mark Pieth, que preside o Pacto Anti-corrupção do fórum e um grupo contra suborno na Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). "Quando as pessoas estão desesperadas vão pegar ou pagar qualquer tipo de dinheiro", acrescentou.

Corrupção, evasão de impostos e atividades criminosas geram mais de US$ 1 trilhão por ano, de acordo com estimativas do Fórum Mundial de Economia.

Num dos debates em Davos, participantes observaram que a crise global afeta algumas das operações também do crime organizado internacional, como prostituição e drogas mais leves, já que os clientes têm menos dinheiro. No entanto, "como conglomerados altamente oportunistas", organizações criminosas internacionais aproveitam para lavar seu dinheiro. Também já estariam se movendo para o mercado de crédito, operando com empréstimos para pequenos empresários que não conseguem acesso aos bancos.

Também a falsificação de mercadorias deve aumentar bastante. Junto com drogas ilegais já representariam 8% do comércio global, na avaliação de executivos reunidos em Davos.