Título: Fundos têm captação de R$ 6,4 bilhões em janeiro
Autor: Monteiro , Luciana
Fonte: Valor Econômico, 04/02/2009, EU & Investimentos, p. D2
O ano começou com um certo alívio para o setor de fundos de investimento, após o forte movimento de resgates registrado em 2008. O mês de janeiro terminou com captação de R$ 6,480 bilhões, o melhor resultado desde março do ano passado, quando R$ 10,350 bilhões ingressaram em fundos, segundo dados do site financeiro Fortuna. Os números mostram ainda que, diante de um mercado um pouco menos volátil comparado ao fim do ano passado, a rentabilidade média dos fundos aumentou e os investidores voltaram a considerar carteiras mais agressivas.
Os multimercados, que sofreram com a intensa saída de recursos em 2008, conseguiram encerrar o primeiro mês do ano com captação de R$ 177 milhões. Já os fundos de ações fecharam janeiro com saque de R$ 4 milhões. Apesar da pequena captação, esse é o melhor resultado quando se analisa os números das duas categorias juntas desde junho do ano passado, quando R$ 7,2 bilhões ingressaram nas duas classes de fundos, conforme estudo do Fortuna. O pior resultado ocorreu em outubro, com saída de R$ 11,1 bilhões.
A captação do setor como um todo, de R$ 6,480 bilhões em janeiro, foi muito concentrada na categoria "poder público" - carteiras voltadas para aplicações de estados e municípios -, com entrada de R$ 10,571 bilhões. Essas carteiras costumam apresentar vigorosa captação no início do ano por conta do pagamento de impostos e tributos. Vale lembrar, no entanto, que no ano passado nem mesmo essa categoria de fundos conseguiu evitar que o setor apresentasse resgates. O que se observa é que o movimento mais intenso de resgates parou, o que pode ser uma tendência, avalia Marcelo D"Agosto, diretor do Fortuna.
Parte desse resultado pode ser explicado por causa das menores taxas pagas pelos CDBs. No ano passado, diante do aquecimento do crédito, os bancos fizeram grande esforço de vendas para captar recursos via CDB, já que lá fora os mercados estavam fechados por conta da crise. Mas, com a estagnação do crédito, os bancos não precisam realizar um esforço tão grande para captar via CDBs, favorecendo os fundos.
Fevereiro já deve registrar algum aumento do apetite dos investidores por risco por conta da melhor performance dos fundos multimercados e de ações, avalia André Schibuola, sócio da Precision Asset Management. Em média, os multimercados registraram rentabilidade de 1,27% em janeiro para 1,04% do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI, juro interbancário que serve de referência para as carteiras mais conservadoras). "Mas desempenho melhor, no entanto, não quer dizer que este seja o momento para tomar mais risco, pois o cenário ainda está muito incerto", alerta.
Os fundos de ações encerraram o mês com retorno médio de 4,23%, para uma valorização de 4,66% do Índice Bovespa no período. As carteiras compostas somente por papéis da Vale e formadas apenas por recursos próprios dos investidores tiveram ganho médio de 17,06%. Já os fundos de Petrobras apresentaram rentabilidade de 10,01% em média.
As maiores saídas de recursos estiveram entre os fundos de renda fixa, que podem aplicar em papéis prefixados, com saques de R$ 3,852 bilhões. O retorno médio dessas aplicações foi de 1,07% em média, portanto, levemente acima do CDI do período. Os fundos DI também sofreram resgates, de R$ 150 milhões, e tiveram rendimento médio de 1,02%. As carteiras curto prazo - que aplicam em papéis com prazo de vencimento de até 360 dias - tiveram saques de R$ 130 milhões e ganho de 0,21%.