Título: Indústria se retrai em quase todo o país
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Fonte: Valor Econômico, 06/02/2009, Brasil, p. A4
A produção industrial caiu em 12 das 14 localidades pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em dezembro na comparação com novembro, na série com ajuste sazonal. As quedas mais marcadas ficaram com Minas Gerais, com baixa de 16,4% na produção industrial, Bahia, cujo índice recuou 15,6%, e São Paulo, onde a atividade fabril declinou 14,9% e marcou a terceira baixa consecutiva.
Nessas três regiões, a redução na produção industrial superou a média nacional (-12,4%). As duas exceções corresponderam à indústria no Amazonas e Goiás, onde houve acréscimo respectivo de 0,9% e 0,4 na atividade.
Segundo o coordenador da pesquisa, André Luiz Macedo, o baixo desempenho da indústria paulista seguiu o mesmo quadro observado pelo indicador nacional, no qual a pressão negativa vinda da indústria automobilística atinge outros segmentos importantes dentro da indústria.
"São Paulo, para esse mês de dezembro, mostra taxas negativas na casa de dois dígitos, principalmente devido ao menor dinamismo da cadeia automotiva, que atinge não só a produção de automóveis, mas também a de autopeças e até mesmo de outros setores como os de borracha e plástico, metalurgia básica e de outros produtos químicos", explicou Macedo. Ele também salientou que a concessão de férias coletivas em várias empresas contribuiu para a queda na fabricação de automóveis.
Dezesseis das 20 atividades pesquisadas em São Paulo tiveram resultados negativos em dezembro, principalmente as de veículos automotores (-44,2%), material eletrônico e equipamentos de comunicações (-60,5%) e máquinas e equipamentos (-27,7%). Nos setores que mais apresentaram aumento na produção, o principal impacto veio de outros equipamentos de transporte (135,1%), sobretudo em função da fabricação de aviões, seguido por farmacêutica (12,1%) e alimentos (3,7%), com destaque para a produção de medicamentos e açúcar cristal.
Perante dezembro de 2007, o setor industrial nacional recuou 14,5%, menor marca de toda série histórica. Com declínio de dois dígitos, apareceram Espírito Santo (-29,6%), Minas Gerais (-27,1%), Rio Grande do Sul (-15,5%), São Paulo (-14,5%), Bahia (-13,9%) e Santa Catarina (-10,8%). No Espírito Santo, o recuo de 29,6%, que implicou a taxa mais baixa da série histórica, foi associado ao desempenho negativo dos cinco setores pesquisados, especialmente metalurgia básica e indústria extrativa.
Mesmo com a perda de ritmo verificada no fim de 2008 a maior parte dos locais pesquisados pelo IBGE fechou o exercício completo com crescimento da produção industrial. A única exceção foi Santa Catarina (-0,7%). "Além dos fatores relacionados à crise, o Estado também sofreu os impactos da chuva", afirmou o instituto em nota.
Segundo a pesquisa, os efeitos da crise internacional que eclodiu em setembro são evidenciados na constatação de que todos os locais pesquisados tiveram perda de ritmo no quarto trimestre e ficaram abaixo do acumulado até setembro. Também na comparação do último trimestre de 2008 ante igual período de 2007, 11 locais registraram redução na produtividade em 2008. Os Estados que sustentaram taxas positivas no quarto trimestre de 2008 foram Pará (1,6%), Goiás (1,4%) e Paraná (1,0%). (Agências noticiosas)