Título: Tesouro limitará captações externas ao total de vencimentos, US$ 7,4 bi
Autor: Galvão , Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 06/02/2009, Finanças, p. C2
O Tesouro vai limitar suas captações externas, neste ano, aos vencimentos de US$ 7,4 bilhões previstos para o período. Nesse cenário, também serão decisivas as condições do mercado e o fato de o governo já ter em caixa mais da metade da moeda estrangeira necessária para pagar esses compromissos. Os esclarecimentos foram dados ontem pelo secretário do Tesouro Arno Augustin, e pelo secretário adjunto responsável pela gestão da dívida, Paulo Valle, em teleconferência realizada com investidores. Ruy Baron / Valor Augustin, secretário do Tesouro: política de emissão qualitativa está mantida
De acordo com o secretário, está mantida a política de emissão "qualitativa" de títulos no exterior e que o vencimento previsto para este ano, por si só, não exige emissões. "Não divulgamos um número de emissão, mas, usualmente, ela fica em parâmetros menores que o que vence no ano. Esse é o nosso posicionamento no sentido de melhorar o perfil da dívida externa sem necessidade de um nível de emissão maior", comentou Augustin.
Em 6 de janeiro, o Tesouro voltou a captar dólares no exterior. A operação de lançamento do Global 2019, liderada pelos bancos Goldman Sachs e Merril Lynch, rendeu US$ 1,025 bilhão nos mercados americano, europeu e asiático. A taxa de retorno paga aos investidores foi de 6,127% ao ano. A captação anterior (US$ 525 milhões) tinha sido realizada em maio de 2008 com a segunda reabertura do Global 2017. Naquela oportunidade, a taxa de retorno paga foi de 5,299% ao ano.
Eles comentaram o cenário que enfrentaram no ano passado para administrar dívida pública federal e explicaram os limites do Plano Anual de Financiamento (PAF) para 2009. Ressaltaram que as prioridades são emissões qualitativas em dólares e euros para dar maior liquidez aos títulos e reforçar a os melhores pontos da curva de juros. Augustin não descartou emissões em euros, mas reiterou que não esse não é o foco da estratégia.
Augustin e Valle admitiram que, em um cenário mais pessimista, com o crédito seguindo em dificuldade, deverá cair a velocidade do alongamento da dívida e da melhora do seu perfil. O PAF 2009 foi qualificado por Arno de "tranquilo" para um ambiente de crise econômica internacional. Tolera um estoque de até R$ 1,6 trilhão para a dívida pública federal, sendo que ela encerrou 2008 em R$ 1,39 trilhão. "Nossa situação de caixa é muito boa. Não vamos pressionar o mercado. estamos preparados para um cenário menos positivo", garantiu Augustin aos investidores.