Título: Analistas apoiam aumento de capital da Petrobras
Autor: Schüffner , Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 06/02/2009, Finanças, p. C2

A avaliação de analistas de bancos é que um possível aumento de capital com emissão de ações pela Petrobras é necessário para manter a companhia saudável financeiramente e com alavancagem de 35% que permita manter a empresa na categoria grau de investimento. E o mais provável é que esse aumento de capital seja feito através de um aporte da União na companhia tendo como "moeda" o petróleo dos campos do pré-sal em torno dos blocos já licitados e que se estendem para áreas da União. Contudo, ninguém acredita que essa seja uma opção fácil e rápida, ao contrário, ela pode demorar "mais do que os investimentos podem esperar", segundo escreveu em recente relatório a analista Paula Kovarsky, do Itaú Securities.

A analista aponta entre as dificuldades para a Petrobras cumprir o desafio de financiar o desenvolvimento da produção no pré-sal a falta de clareza do marco regulatório brasileiro para exportações; os gargalos existentes que podem limitar investimentos para US$ 240 bilhões até 2020, quando o que ela chama de "número mágico" gira em torno de US$ 600 bilhões.

Entre os problemas que precisam ser resolvidos está a delimitação da extensão e o tamanho dos reservatórios; uma estimativa de preço para o barril de petróleo naqueles reservatórios em um período de grande volatilidade de preços. E várias dessas questões dependem da aprovação do novo marco regulatório do setor de petróleo, o que ninguém acredita que aconteça antes de 2010.

Em relatório divulgado ontem, o Morgan Stanley afirma que a estrutura de capital da Petrobras nos próximos dois anos continua sendo um dos maiores problemas da empresa.

De Oslo, o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, disse que o conselho de administração da companhia não tomou decisão sobre a emissão de ações, mas frisou que a matéria publicada ontem pelo Valor "não é incorreta". Em nota, a companhia admitiu que "estudou diferentes cenários de preços, investimentos e formas de financiamento do Plano de Negócios 2009-2013, e fez simulações que incluíam a possibilidade de emissão de ações". Mas que o plano aprovado "não prevê nenhuma emissão de ações".

O documento obtido pelo Valor traz um cenário com indicadores de financiabilidade, mostrando em uma coluna a necessidade de captar recursos superiores a R$ 30 bilhões anuais até 2013 caso sejam investidos US$ 174,4 bilhões.

Os volumes a captar, ano a ano, começam com R$ 18 bilhões em 2010, já considerando financiamento de R$ 20 bilhões do BNDES. A necessidade de captações em aberto (ou seja, sem detalhamento da fonte de financiamento e sem menção ao banco) aumenta para R$ 30 bilhões em 2011, R$ 33 bilhões em 2012 e R$ 39 bilhões em 2013. (Colaborou Rafael Rosas, do Valor Online)