Título: Pequenas são novo alvo de aquisições
Autor: Koike , Beth
Fonte: Valor Econômico, 02/01/2009, Empresas, p. B3

Mesmo com a crise no segundo semestre, 2008 foi o ano com o maior número de fusões e aquisições entre as instituições privadas de ensino. Entre janeiro e novembro, foram fechados 55 negócios ante as 43 transações concluídas durante 2007. "A maioria das operações aconteceu antes da crise. Mas ainda assim foi o melhor ano para o setor. Nos anos anteriores, só havia negócios pontuais", disse Ryon Braga, sócio da consultoria especializada em educação Hoper. Divulgação Braga, da Hoper, vê potencial para 100 negociações em dois anos, a maioria entre faculdades com menos de 5 mil alunos

Das 55 aquisições, aproximadamente 40 foram fechadas pelas quatro instituições de ensino que levantaram recursos com a abertura de capital em 2007: Anhanguera, Estácio Participações, Kroton e SEB. A campeã foi a Anhanguera com cerca de 15 aquisições, que somaram pelo menos R$ 400 milhões.

Entre as instituições de ensino de capital fechado, o Iuni e a Veris também se destacaram no ano passado. O grupo mato-grossense Iuni investiu R$ 60 milhões na compra de nove instituições de ensino no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A taxa de crescimento de faculdades nessas três regiões é de 10,4% contra 6,3% do país, segundo o grupo Iuni. Já a paulista Veris desembolsou R$ 30 milhões na aquisição da Metrocamp e a Imapes, ambas no interior de São Paulo. A Veris é dona também das faculdades Ibmec RJ, MG e DF.

Passado esse período de bonança, o ano de 2009 não deverá ser tão movimentado para o setor. Além da crise econômica que tem provocado uma escassez de crédito na praça, o mercado já não contempla mais tantas instituições privadas de ensino superior com boa saúde financeira, grande quantidade de alunos e localização geográfica interessante. Segundo a consultoria Hoper, há no país apenas nove faculdades com mais de 10 mil alunos com essas características. Entre as instituições com mais de 5 mil estudantes, 28 faculdades são consideradas "compráveis".

O setor de educação tem ainda 27 faculdades com endividamento superior a 1,5 vez o faturamento anual, o que eliminaria o interesse por uma eventual aquisição.

Para este ano a expectativa é que os negócios girem em torno das faculdades menores. "Acredito que nos próximos dois anos existe potencial para mais 100 negociações, mas a maioria deve ser entre as faculdades com menos de 5 mil alunos", avalia.

A expectativa é que com a onda de consolidação as principais cidades tenham de três a quatro "players" muito competitivos. "O grande elemento de diferenciação será o valor da marca da instituição, a credibilidade conquistada junto ao seu público-alvo e sociedade", afirma o consultor, que também ressalta a importância de uma gestão profissional nesse atual cenário. Mais de 80% das instituições de ensino de médio e grande portes vendidas enfrentavam na época da negociação problemas societários, que acabaram por motivar os sócios a se desfazerem do negócio.

Porém, o grande desafio para as instituições de ensino é reduzir a evasão, que chega a 800 mil universitários por ano, e a ociosidade de vagas. Em 2006, havia 1,4 milhão de novos alunos ingressando nas faculdades particulares, que ofertavam 2,2 milhões de vagas, segundo o Ministério da Educação.