Título: Segundo vice-presidente da Câmara cede à pressão e renuncia ao cargo
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 09/02/2009, Política, p. A6

O corregedor-geral da Câmara, Edmar Moreira (DEM-MG), anunciou ao presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP), que vai renunciar à segunda-vice-presidência da Casa - consequentemente abrindo mão da corregedoria. Segundo Temer, ainda ontem à noite Edmar lhe enviaria um fax comunicando a decisão. A estratégia de Moreira visa atenuar a pressão que se abateu sobre ele e, assim, tentar evitar que seja aberto um processo de cassação por quebra de decoro.

Mesmo assim, o DEM informou que vai expulsar Moreira dos quadros do partido. O presidente nacional da legenda, deputado Rodrigo Maia (RJ), disse que não há mais condições de manter o parlamentar na legenda. "Mesmo que ele renuncie, será sumariamente expulso. É o entendimento do partido sobre o caso ? ? , afirmou.

Moreira é acusado, entre outras coisas, de omitir da sua declaração de bens um castelo em Minas Gerais, que está à venda por R$ 25 milhões. A propriedade em São João do Nepomuceno tem 36 suítes. O deputado também é investigado pelo Supremo Tribunal Federal por apropriação ilegal de contribuições ao INSS feitas por seus empregados.

A vacância do cargo exigirá que a Câmara faça uma nova eleição para a escolha de um novo segundo-vice. O DEM deve indicar o deputado Vic Pires, que foi o candidato oficial do partido e perdeu para Moreira, que disputou como avulso. A assessoria de Moreira foi contatada, mas ele não ligou de volta até as 21h30.

A pressão para que Moreira renunciasse aumentou no fim de semana. Temer telefonou para Moreira aconselhando-o a se afastar, sob a alegação de que a presença dele na Mesa Diretora prejudica a imagem da Câmara num momento em que se inicia uma nova gestão.

A pedido de Temer, o deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE) também procurou Moreira para convencê-lo a renunciar.

A Executiva do DEM reúne-se na terça-feira para discutir o caso. "Ele [Moreira] extrapolou todos os limites e não há mais condições para que permaneça no partido", disse Maia. "O estatuto interno do DEM permite a expulsão sumária. Depois abre prazo para ele se defender, mas, em geral, em casos assim, os expulsos não se interessam em apresentar sua defesa".

Maia disse que, apesar do agravamento das denúncias, Moreira não procurou a direção do partido nem se interessou em prestar esclarecimentos plausíveis.

A expulsão de Moreira foi articulada diretamente por Maia, o líder do DEM na Câmara, deputado Ronaldo Caiado (GO), e o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), além do deputado Roberto Magalhães (PE). O argumento contra Moreira é que ele não segue as orientações da legenda, expõe o partido no momento em que o DEM constrói a estrutura já de olho nas eleições de 2010 e não apresentou explicações plausíveis para as denúncias.