Título: Ficha de voo de Bandeirante acidentado omitia peso
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 10/02/2009, Brasil, p. A2

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes da Aeronáutica (Cenipa), de Brasília, investiga se o acidente com o avião Bandeirante da empresa Manaus Aerotáxi, que matou 24 das 28 pessoas a bordo, foi provocado por excesso de peso. Segundo revelou o jornal "Hoje", da Rede Globo, a cópia do manifesto de carga do avião, divulgado pela Manaus Aerotáxi, revela uma série de contradições.

O documento, que é preenchido pelo piloto ou copiloto, informa que 26 pessoas estavam a bordo (20 da mesma família) - duas a menos do que o avião transportava e oito a mais que o número de poltronas do Bandeirante. Os campos destinados ao cálculo total do peso estavam vazios. Um dos diretores da Manaus Aerotáxi, Marcos Pacheco, disse, no domingo, que a aeronave não estava com excesso de peso e que o excedente de passageiros era composto por crianças de colo. Uma portaria da Anac de 2000 permite o transporte de até 30% a mais de passageiros crianças com até dois anos. No entanto, havia crianças com mais de sete anos viajando no colo.

A Anac informou que a obrigação de controlar a quantidade de passageiros é do piloto, o que não retira a responsabilidade da empresa proprietária da aeronave. Ainda assim, especialistas dizem que mais importante do que a quantidade de passageiros é saber o peso que o avião transportava.

O Cenipa está se concentrando na análise da caixa-preta do avião. Uma comissão de três técnicos - um de Brasília e dois de Manaus -- está em Manacapuru (AM), local do acidente, e vai tentar recuperar a gravação de vozes da cabine instantes antes da queda do avião. Um relatório preliminar sobre as possíveis causas deve ser divulgado em dez dias.

No domingo, peritos do Cenipa estiveram no Instituto Médico-Legal de Coari (AM) pesando os corpos encontrados no rio Manacapuru, onde o piloto César Grieger tentou fazer um pouso forçado na água. Eles tentavam verificar se a aeronave estava com excesso de peso. Técnicos da Cenipa também não descartam a hipótese de que o desastre tenha sido provocado por pane num dos dois motores do aparelho. O motor teria falhado por problemas com o combustível: ou por falta de querosene ou por adulteração.