Título: PT defende redução da taxa de juros contra a crise
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 10/02/2009, Política, p. A5

O Diretório Nacional do PT deve aprovar hoje resolução sobre a conjuntura econômica, cobrando flexibilização da política monetária, reforçando o movimento pela queda dos juros. Participantes da reunião do Diretório Nacional do partido, realizada desde ontem em Brasília, também discutiram a preocupação com o afastamento do partido de seus aliados históricos.

A candidatura da ministra Dilma Rousseff (chefe da Casa Civil) à Presidência da República em 2010 foi tratada no primeiro dia de reunião como "líquida e certa", segundo o líder do PT na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (SP). "Não se discute mais a candidatura Dilma. Agora é arregaçar mangas", disse.

A preocupação com a gravidade da crise financeira internacional dominou boa parte da reunião de ontem, encerrada com um debate à noite sobre o assunto, com a participação de Dilma, do presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), Márcio Pochmann, e do secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Quintino Severo. Realizado na sede do PT em Brasília, a discussão foi restrita aos integrantes do diretório.

O partido comemora hoje 29 anos, com um jantar para 1.200 pessoas em um clube da capital. A participação de Dilma é tida como certa, mas até ontem o PT não tinha confirmação da presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A festa contará com show musical do cantor e compositor Lázaro do Piauí, autor da música jingle da campanha do presidente de 2006. Os convites para o jantar foram vendidos a R$ 200, R$ 500 e R$ 1 mil. A festa deve custar cerca de R$ 100 mil e, segundo previsão do tesoureiro do partido, Paulo Ferreira, será paga com o dinheiro dos ingressos.

Deputados participantes da reunião de ontem manifestaram preocupação com o afastamento do PT do PC do B e PSB, especialmente, causado pela política adotada pelos petistas nas últimas eleições da Câmara: o petista Arlindo Chinaglia (SP) derrotou Aldo Rebelo (PC do B) em fevereiro de 2007 e agora o PT apoiou Michel Temer (PMDB-SP), afastando o bloquinho (PC do B, PSB e PDT).

Durante a tarde, ainda sem a presença de Dilma, a tônica das discussões foi a avaliação de que o governo tomou medidas corretas de enfrentamento da crise, mas que o país tem de se preparar para "desdobramentos de longa duração", segundo o líder da bancada na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (SP).

O líder no Senado, Aloizio Mercadante (SP), defendeu na reunião uma política monetária mais flexível, que permita que os juros caiam de forma sustentada. "Só terá espaço para manter investimentos, políticas sociais e desonerar a produção se houver alívio na política monetária, porque isso diminui o custo da dívida pública e tem mas recursos para a política fiscal", afirmou Mercadante.

Para Vaccarezza, existe um "incômodo" no PT com a selic (taxa de juros fixada pelo Banco Central para controlar a inflação), mas, para ele, o problema é combater o "spread" bancário (a diferença entre o que os bancos pagam para captar dinheiro e quanto pagam nos empréstimos). "É por aí que vamos combater a inflação e aumentar o crédito", disse.