Título: Senado dos EUA deve votar hoje pacote de US$ 829 bi
Autor: Balthazar , Ricardo
Fonte: Valor Econômico, 10/02/2009, Internacional, p. A7

O presidente dos EUA, Barack Obama, reforçou ontem a pressão para que o Congresso americano aprove logo seu ambicioso plano de estímulo econômico, que deve ser votado hoje pelo Senado depois de dias de negociações para driblar as resistências que Obama encontrou até entre os aliados do governo no Partido Democrata.

O pacote destina US$ 829 bilhões a uma série de medidas com o objetivo de tirar a economia americana da recessão, incluindo cortes de impostos e investimentos públicos em infraestrutura. Ninguém no Congresso duvida da necessidade de fazer algo para combater a crise, mas há dúvidas sobre a eficácia de várias medidas e preocupação com os custos.

"Não posso dizer com 100% de certeza que tudo neste plano vai funcionar exatamente como esperamos", afirmou Obama ontem, num encontro com moradores de uma cidade do Estado de Indiana que foi atingida em cheio pela crise. "Mas posso dizer com total confiança que a demora e a paralisia em Washington diante da crise só trará um desastre ainda maior."

Um acordo costurado pelos líderes partidários no fim da semana passada expurgou cerca de US$ 100 bilhões do pacote e atraiu o apoio de três senadores do Partido Republicano, que é minoria no Congresso mas cujo apoio é essencial para evitar manobras que poderiam travar as discussões do plano no Senado.

Ontem, os senadores aprovaram uma resolução que permite encerrar os debates sobre o assunto e colocar o pacote em votação no plenário no início da tarde de hoje. A resolução foi aprovada por 61 dos 100 senadores, incluindo os três republicanos, políticos moderados que participaram das negociações com os democratas.

Mesmo se o plano for aprovado hoje pelo Senado, Obama ainda precisará esperar alguns dias para começar a executá-lo. A Câmara dos Representantes dos EUA aprovou outra versão do pacote há duas semanas e os líderes partidários terão que encontrar uma maneira de eliminar as diferenças que a separam do plano discutido no Senado.

Os senadores tiraram US$ 40 bilhões de programas destinados a socorrer Estados que atravessam dificuldades financeiras e cortaram outros US$ 16 bilhões que os deputados queriam usar para reformar escolas públicas. No evento de ontem em Indiana, Obama disse que gostaria que o Congresso restituísse ao menos uma parte do dinheiro previsto para as escolas.

As dificuldades encontradas no Congresso surpreenderam o governo. Nenhum deputado republicano votou a favor do plano na Câmara. Assessores de Obama achavam que teriam o apoio de uma dúzia de republicanos no Senado. Mas apenas os três senadores que aprovaram a resolução de ontem pareciam comprometidos. Vários democratas também exigiram mudanças no pacote para apoiar o governo.

A batalha pela aprovação do plano ainda não terminou, mas Obama já está se preparando para o próximo embate. Seu secretário do Tesouro, Tim Geithner, apresentará hoje as linhas gerais de um novo programa de estabilização do sistema financeiro, numa tentativa de vencer a oposição do Congresso ao uso de um volume adicional de recursos públicos para socorrer bancos e outras instituições que perderam a confiança dos investidores por causa da crise.