Título: Missão argentina vem discutir divergências comerciais
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Fonte: Valor Econômico, 11/02/2009, Brasil, p. A2

Programada inicialmente para hoje e marcada finalmente para a terça-feira, 17, uma missão de alto nível do governo argentino irá a Brasília para aparar as arestas na relação comercial com o Brasil.

Os argentinos trazem uma forte reivindicação para o governo brasileiro: querem o compromisso de que não haverá, no país, um pacote de ajuda às montadoras de automóveis com incentivos e subsídios capazes de estimular uma migração de fábricas da Argentina para o Brasil. Os brasileiros querem tratamento preferencial e fim de barreiras a produtos brasileiros naquele mercado.

O encontro, que terá, do lado argentino, o ministro de Relações Exteriores, Jorge Taiana, o de Economia, Carlos Fernandez, e a da Produção, Débora Giorgi, se destina também a retirar possíveis embaraços à viagem da presidente argentina, Cristina Kirchner, ao Brasil, programada para março. É mais um compromisso na agenda de negociações com sócios do Brasil onde o tema das ameaças protecionistas é prioridade.

Os argentinos alegam que o Brasil, embora não adote aumento de tarifas, usa seu poder econômico, com o BNDES, para dar vantagens desleais aos produtores brasileiros. Curiosamente, essa é a acusação que a diplomacia brasileira vem fazendo aos países ricos, em fóruns como a Organização Mundial do Comércio.

"Há reclamações dos dois lados e queremos deixar tudo muito claro exatamente para não haver uma escalada protecionista", confirmou o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral. Ele informou que, na sexta-feira, autoridades do Equador viajam a Brasília para discutir as barreiras técnicas recentemente impostas a produtos brasileiros, como telefones celulares. "O Equador alega a exceção em nossos acordos, prevista em caso de problemas no balanço de pagamentos e queremos ver como estão sendo aplicadas as barreiras", comentou Barral.

Uma preocupação brasileira é o temor de que as barreiras adotadas na América do Sul não levem em conta os acordos de preferências comerciais com o Brasil e permitam a exportadores asiáticos e outros competidores ocupar fatias de mercado hoje nas mãos de empresas brasileiras. Amanhã chega ao Brasil o ministro das Relações Exteriores uruguaio, Gonzalo Fernández. (SL)