Título: Revendas de carro usado insistem em juro menor
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Fonte: Valor Econômico, 13/02/2009, Brasil, p. A6

A linha de R$ 200 milhões para capital de giro das revendas de automóveis usados, anunciada quarta-feira pelo governo, não é exatamente o que o comércio precisa para sair da crise, segundo avaliação de empresários do setor. A medida mais esperada por eles é a redução dos juros ao consumidor. Em 9 de janeiro, o governo divulgava que o Banco do Brasil estava comprando 49% do banco Votorantim e, um dos objetivos do negócio era incrementar o financiamento de carros usados, uma das especialidades da instituição privada. Segundo a assessoria do BB, passados mais de 30 dias, os juros para essa modalidade de crédito ainda não foram reduzidos.

A taxa mínima cobrada pelo BB para financiar veículos usados é de 1,55% ao mês. De acordo com a assessoria do BB, a carteira de financiamento de veículos (novos e usados) alcançou R$ 5,6 bilhões no terceiro trimestre de 2008. No mesmo período de 2007, tinham sido apenas R$ 2,2 bilhões.

É grande a pressão sobre o governo para que seja ampliada a oferta de crédito mais barato para a compra de carros novos e usados. Ela vem das montadoras de veículos, que representam uma vasta cadeia produtiva, e também passa pelas empresas do comércio de automóveis. Sem as vendas de carros usados, fica comprometida a produção de carros novos.

O presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Sergio Reze, diz que, apesar da "montanha" de dinheiro que o setor perdeu com a crise, não precisa de capital de giro, mas espera acesso a crédito mais viável para o consumidor. Segundo a Fenabrave, foram vendidos 484.045 veículos usados em janeiro, o que significa quedas de 19,98% sobre dezembro e 23,07% sobre janeiro de 2008.

A avaliação do presidente da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), Ilídio Gonçalves, é um pouco diferente. Ele elogia a linha de capital de giro em troca da manutenção dos empregos, porque, desde outubro, as perdas do setor foram de 30%. "Compramos os automóveis à vista e tivemos de vender pelos preços de mercado, que tinham despencado", explica. Apesar dessa análise, Gonçalves admite que falta reduzir os juros ao consumidor para menos de 1,5% ao mês. (AG)