Título: Negócio pode afetar a Vale no mercado chinês
Autor: Saavedra , Vera
Fonte: Valor Econômico, 13/02/2009, Empresas, p. B7
A entrada da Chinalco no capital da Rio Tinto é vista como um fator negativo para o mercado de minério de ferro e, em particular, para a Vale do Rio Doce, a maior exportadora de minério para a China. O alerta está em relatório da Merrill Lynch divulgado ontem. Segundo afirma, se a operação for aprovada pelos acionistas e órgãos reguladores australianos, a Chinalco terá participação expressiva, 18%, na anglo-australiana, com direito a dois assentos no conselho e participações estratégicas em alguns ativos da Rio Tinto. Ele avalia que o potencial de conflito de interesse que a operação envolve, já que a China é o maior consumidor de minério de ferro do mundo e a Rio Tinto a segunda maior fornecedor do insumo, pode representar, no futuro, preços e volumes de venda menores para a Vale.
Segundo os analistas do banco, o maior risco para a Vale é perder participação no mercado chinês no longo prazo, onde vende 30% de sua produção. Com a Chinalco como sócia da Rio Tinto, a possibilidade das usinas chinesas de aço passarem a dar preferência ao minério da empresa australiana não é descartada pela ML. A produtora de alumínio chinesa pode até vir a impulsionar os investimentos em expansão de minas da Rio Tinto para concorrer em volume de oferta com a brasileira.
No curto prazo, a operação não terá nenhuma influência sobre a atual negociação de preços do minério para 2009, avaliam os analistas da ML. Mas no futuro o mercado pode ficar preocupado com a influência dos chineses (através da Chinalco) do lado do fornecedor.
No relatório, o banco aposta que o mercado está precificando para 2009 uma retração de 30% a 35% no preço do minério de ferro vendido pela Vale, apesar de estimar um declínio de 20%. Segundo o banco, o mercado de aço e minério ainda continua fraco, apesar de alguns indícios de melhora. Por isso, seus analistas projetam vendas de 260 milhões de toneladas de minério de ferro para a Vale este ano, uma queda de 15% ante 2008.