Título: Falta foco à oposição, diz Bornhausen
Autor: Junqueira , Caio
Fonte: Valor Econômico, 17/02/2009, Política, p. A9

O ex-senador e presidente de honra do Democratas, Jorge Bornhausen, disse ontem que falta foco nas ações da oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que os três principais partidos oposicionistas devem articular uma ação conjunta em rádio e TV contra o governo federal. "Falta foco aos partidos de oposição em manifestar sua posição de desacordo com o atual governo. É preciso um novo foco que parta de uma ação conjunta. O melhor caminho é o aproveitamento do horário de rádio e televisão do PSDB, DEM e PPS", afirmou, durante palestra na Associação Comercial de São Paulo.

Para ele, como o Congresso está em descrédito com a população, a sociedade não presta atenção aos discursos que ocorrem dentro do Parlamento, o que abre espaço para que o presidente Lula fale sozinho para o país. "O presidente não tem nenhum compromisso com a verdade e dança e baila sobre o palco porque ele acha esse palco sempre lhe será favorável", disse.

Em tempos de crise, Bornhausen sugeriu qual deve ser a linha de atuação da oposição: a inépcia do governo. "Quando a crise estourou, o Orçamento do governo estava ainda no Congresso e poderia ter sido modificado. O que ele fez então? Deixou de cortar custeio, não suspendeu novos concursos, deu aumento para funcionalismo, não tomou medidas quanto a determinados programas e deixou aprovar emendas de bancada, que têm alto custo e execução duvidosa, o que abre portas para corrupção. Esse foi o movimento de 2008. Ou melhor, um anti-movimento". Para ele, a postura do governo federal desencadeou um excesso de zelo por parte do Banco Central, que deixou de reduzir os juros.

Bornhausen também criticou as medidas anticrise promovidas pelo governo neste ano. "Prepararam um pacote do BNDES de R$ 100 bilhões para dois anos. Parece bastante, mas só em 2008 a liberação foi de R$ 91 bilhões. E desses R$ 100 bilhões, a maior parte é para a Petrobras, e outra parte é para financiar fusões, que geram desemprego. Ou seja, é dinheiro do trabalhador financiando fusões para gerar desemprego. É a própria contradição"

O ex-senador defendeu ainda que o PSDB defina o quanto antes o nome do seu candidato a presidente em 2010, que, segundo ele, deve ter como base uma composição entre o governador de São Paulo, José Serra, e o de Minas Gerais, Aécio Neves.

"É a melhor forma. Se eu pudesse ajudar a fazer dessa forma, eu faria. O DEM está alinhado com o PSDB e sem reivindicar posições na chapa porque é necessário deixar espaço para PSDB possa se resolver. Não existe tradição de prévias no Brasil. Os partidos saem desgastados delas".

Na sua avaliação, Lula já definiu que sua candidata será mesmo a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Entretanto, diz acreditar se tratar de uma candidatura com falhas. "Dilma não tem voto de raiz. Começa que não tem Estado. Não é nem mineira onde nasceu, nem gaúcha onde teve ação político-administrativa. Viverá da possibilidade de transferência de votos e do resultado de marketing".

Sobre as declarações do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) sobre o PMDB, ele comentou: "Ele deve estar prevendo algum desdobramento, mas não sei qual munição ele tem".