Título: Uribe não descarta tentar terceiro mandato
Autor: Landim , Raquel
Fonte: Valor Econômico, 17/02/2009, Internacional, p. A10

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, esquivou-se ontem de responder sobre sua intenção de disputar um terceiro mandato. Ele não descartou a possibilidade. Uribe parabenizou seu rival na região, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, por conseguir aprovar uma emenda constitucional que permite a reeleição indefinida.

"Parabéns a Chávez que obteve uma vitória democrática e ao povo da Venezuela", disse Uribe, durante visita a São Paulo. Ele expressou seu desejo de que os venezuelanos superem os antagonismos (entre governo e oposição) e cheguem ao consenso. Também pediu ajuda para combater o terrorismo. A Colômbia já acusou a Venezuela de financiar a guerrilha Farc.

Questionado se seguiria o caminho de Chávez, Uribe foi vago. Disse que se preocupa com presidentes que se "perpetuam" no poder, mas que não podia ser "politicamente irresponsável" ou "indiferente à sorte política do país". Uribe assumiu em 2002 e foi reeleito em 2005. Para se reeleger de novo, teria de mudar a Constituição.

"Não queria que as novas gerações pensassem que, em lugar de amor pela Colômbia, eu tenho ambição de poder", disse Uribe, apenas para logo depois acrescentar que sua geração não havia vivenciado paz e prosperidade e que ele tinha que lutar para que isso prosseguisse. Uma repórter colombiana perguntou se não havia políticos capazes de seguir a mesma linha, mas ele não respondeu.

Uribe disse que a América Latina não pode seguir dividida entre países que apoiam o "estatismo" e os que optam pelo "liberalismo". Enquanto a Venezuela promoveu a estatização de setores estratégicos, a bandeira colombiana é de proteção ao investimento. "Deve haver um ponto de equilíbrio, que é a promoção da iniciativa privada com responsabilidade social."

Uribe se reune hoje, em Brasília, com Luiz Inácio Lula da Silva. Ele disse que quer agradecer a recente contribuição do Brasil para o resgate de reféns das Farc. E exaltou o papel de Lula como mediador de conflitos na região. "Escuto o presidente Lula com muito apreço e respeito, porque entre suas qualidades estão uma grande sagacidade para o equilíbrio político."