Título: Lucro do BNDES cai 27,4% em 2008, para R$ 5,3 bi, com baixa dos spreads
Autor: Durão , Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 17/02/2009, Finanças, p. C2

O BNDES teve lucro líquido de R$ 5,3 bilhões no ano passado, 27,4 % inferior ao de 2007, de R$ 7,3 bilhões. O principal fator de queda de R$ 2 bilhões no ganho do banco em 2008 foi a diminuição dos spreads cobrados pela instituição, levando à redução de R$ 1 bilhão nos ganhos de intermediação financeira da instituição de fomento, que baixaram de R$ 4,7 bilhões em 2007 para R$ 3,8 bilhões em 2008.

Também declinou em R$ 1 bilhão a receita com recuperação de créditos provisionados, que somou R$ 445 milhões, ante R$ 1,3 bilhão em 2007. O estoque de provisão para risco de crédito somou R$ 4,6 bilhões, 13,8 vezes a carteira de créditos de inadimplentes. A taxa de inadimplência do banco atingiu 0,15% da carteira total.

Vânia Maria da Costa Borgerth, chefe do Departamento de Contabilidade do BNDES, classificou de razoável o resultado do banco, levando em conta que o ano que passou foi difícil em termos de mercado financeiro. "O banco está sereno ante este o resultado, que foi aprovado pelo seu conselho na sexta-feira", disse a executiva. Para 2009, segundo ela, o BNDES está fazendo um esforço para mostrar ao país que o mercado financeiro nacional está bem e que é hora de investir. "O BNDES está confiante."

O resultado do BNDES poderia ter sido melhor se o mercado não tivesse desandado no segundo semestre, pois havia interesse de alienar mais participações societárias da carteira do banco. Do resultado de R$ 6 bilhões com participações societárias em 2008, ante R$ 6,1 bilhões em 2007, foram obtidos R$ 4,6 bilhões com venda de ações de ArcelorMittal, CSN e Aços Villares, realizadas no primeiro semestre. Este desinvestimento representou quase 80% do total obtido com alienações. A receita de dividendos e juros sobre o capital próprio totalizou R$ 2,1 bilhões, com destaque para a Petrobras (R$ 700 milhões).

O patrimônio líquido do sistema BNDES somou R$ 25,3 bilhões em 2008. Este valor corresponde a um patrimônio de referência de R$ 42,5 bilhões, acima dos R$ 41,5 bilhões de 2007. O aumento no valor do patrimônio de referência do BNDES, usado pelo Banco Central para estabelecer os limites prudenciais de crédito a ser seguido pelas instituições financeiras com base nas regras de Basiléia, indica maior capacidade do banco de conceder crédito para as empresas.

Conforme o BC, o BNDES pode emprestar até 25% do patrimônio de referência por grupo econômico. Em 2007, esse percentual correspondia a R$ 10,3 bilhões por grupo econômico. Em 2008, saltou para R$ 10,6 bilhões, valor que vai vigorar em 2009. A única exceção a esta regra é a Petrobras, que em resolução à parte, estabelecida pelo BC, pode receber empréstimos do BNDES com limite máximo de 25% do patrimônio de referência por empresa (e não por grupo econômico).

De acordo com os indicadores prudenciais calculados com base no patrimônio de referência, o BNDES tem hoje bastante espaço para novas operações com o setor público, já que seu índice de exposição a este setor fechou 2008 em 17,1%, bem abaixo do limite de 45% estabelecido pelo BC. Os ativos totais do banco totalizaram R$ 277,3 bilhões, avançando 36,8% ante 2007. Desse total, 77,9% são provenientes da carteira líquida de financiamentos e repasses.