Título: Negociação mantém 40 mil empregos em Minas Gerais
Autor: Olmos , Marli
Fonte: Valor Econômico, 18/02/2009, Brasil, p. A3

A retomada das vendas e do ritmo de produção de veículos ajudou ontem 40 mil metalúrgicos de Minas Gerais a ter emprego e salário garantidos até o dia 10 de março. Animadas com o cenário, 14 empresas firmaram o compromisso em um acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos da região de Betim.

O aumento na quantidade de carros que deixam a linha de montagem na Fiat ajudou no prognóstico otimista que o grupo fez antes de firmar o entendimento. No ano passado, a Fiat produzia 3 mil veículos por dia. A média caiu para 2,3 mil unidades em janeiro. Mas no início de fevereiro houve uma recuperação para 2,6 mil.

Boa parte das empresas envolvidas na negociação são fornecedoras de autopeças para a Fiat ou fazem parte do próprio grupo italiano. Embora ninguém do grupo tenha feito a conta, estima-se que pelo menos 15 mil dos 40 mil trabalhadores envolvidos trabalham no grupo Fiat.

O porta-voz das empresas, Adauto Duarte, diz que esse "não foi um acordo fácil" porque boa parte das empresas ainda sofre com mão-de-obra excedente. "Não podemos esquecer que, embora melhor, o ritmo está ainda aquém do que tínhamos em setembro", diz Duarte. Mas, segundo ele, "o acordo é voto de confiança" de um polo industrial que não quer aderir ao movimento de redução de emprego, jornada e salários.

Esse mesmo grupo de empresas já havia se reunido com os sindicalistas no dia 22 de janeiro. Foi quando se fixou o acordo de manutenção do emprego até ontem. Na nova rodada de negociações, ontem, ficou estabelecida nova reunião no dia 10 de março.

Em março será avaliado o desempenho do setor automotivo durante fevereiro e na primeira dezena de março. A ideia, segundo Duarte é, daqui em diante observar o comportamento do mercado de veículos com uma frequencia ainda maior. O termômetro servirá aos empresários como base para renovar o acordo ou demitir. No acordo firmado ontem foi incluído no texto que as empresas e o sindicato "avaliaram os riscos dos fatores macroeconômicos e financeiros sobre o mercado de automóveis e sobre mercado de trabalho e também o efeito positivo da redução do IPI, do crédito e da manutenção do emprego e da renda como fatores de incentivo da economia".

A venda de automóveis na primeira quinzena de fevereiro cresceu 15,56% na comparação com igual período de janeiro e 7,4% em relação à primeira metade de fevereiro de 2008, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores. É importante salientar que na média diária de vendas, a primeira metade de fevereiro de 2009 registrou queda de 10,47% na comparação com igual período de 2008, quando houve carnaval.